sexta-feira, maio 20, 2011

BATEMOS NO FUNDO!

Uma das causas do estado a que chegámos tem a ver com a cultura dominante. Este país ainda não erradicou o sentimento de subserviência e o medo de dizer mal, tão característicos do ante-25 de Abril. Quem disser mal, quem criticar, leva!
Criticar, é quase um pecado mortal. Há cada vez mais gente a exclamar em surdina: em política não me meto, só dá prejuízos e chatices... há gente vingativa que...
Mesmo quando a realidade entra pelos olhos dentro, quando se está mesmo a ver o que está mal, a corrupção que grassa cada vez mais, a impunidade de alguns intocáveis ser mantida por quem deveria suster-lhes o passo e não o faz (por medo, calculismo, por também lucrar com a promiscuidade...), há que ter tento na língua, senão...
«O medo guarda a vinha» é um provérbio cada vez mais actual. Há medo de dizer a verdade. Há reverência cada vez maior por certos «capones» da nossa praça.
Como é possível andarem algumas firmas a ganharem milhões à custa de facturações falsas, ludibriando o fisco de forma sistemática, e só ao fim de muitos anos é que se descobre?!
Há medo, há altos protecionismos, o mau exemplo vem de cima. São expedientes deste tipo que alimentam partidos e campanhas eleitorais, ninguém duvide.
Ouvem-se os papagaios eleitoralistas, debitam pormenores sem grande relevância, tiram um benefício fiscal aqui, dão outro ali, tiram um imposto num lado e fazem aumentar outro.



MAS NINGUÉM FALA DE CORRUPÇÃO!!!
Tudo farinha do mesmo saco. Andam todos ao mesmo. A choldra continua. Há tempos a dra Maria José Morgado dizia que o maior imposto que é pago no país é a corrupção!!!
Um estudo fidedigno de um conceituado economista falava em cerca de 20 por cento do PIB como sendo o volume de negócios da chamada economia paralela.

O barco nacional está esburacado e enquanto não for calafetado continua tudo na mesma. Vem aí dinheiro da «Troika» mas vai fugir para paraísos fiscais com a maior das facilidades. O país , se continuar assim, vai ficar ainda pior. Há que travar esta sangria, o caudal de corrupções, o clima de impunidade que alastra e dá cabo de toda a economia. Não me sinto à esquerda nem à direita. Estou acima deste lodaçal. Estou a leste deste inferno... muitas milhas...

O povo, lá vai aceitando este clima de abusos e de reverências constantes aos abusadores. Sempre louvando os corruptos, curvado e de chapéu na mãos aos que detêm os cordelinhos.





O POVO É O CULPADO!


Pró fundo fomos descendo

Sempre a caír, a caír...

Alguns, tudo comendo

Nós, sem tugir nem mugir!



«Nao se deve dizer mal»

É sabido, é voz corrente

É um «pecado mortal»

«E feio... é maledicente»!

«O povo deve amochar

Andar de bico calado

É pior se refilar

Vai ser marginalizado...»






«Quem manda sabe o que faz!»

«E só quer o nosso bem!»

«Não refiles, ó rapaz!»

«É melhor dizer amén!»



As causas profundas desta derrocada onde estão? Por que não se discutem abertamente?!
Será que também é pecado discuti-las?! Ver aqui...
A ausência de medidas dissuasoras e repressivas no tocante à corrupção é, na minha modesta opinião o grande calcanhar de Aquiles do país. O despesismo excessivo existe não só por mera negligência ou por má gestão, mas, a contrario sensu, por gestão danosa destinada a arranjar fundos para: partidos, clubes, fundações, e até alguns barões... financiadores de campanhas.




Portugal está amordaçado. Os jornais pouco criticam, lá aparece um ou outro Marinho e Pinto, mas é uma gota de água no oceano do servilismo e da adulação. As TV's metem dó. ALIENAÇÃO DOENTIA! A mentalidade não muda. O povo continua macambúzio, sedado pelos narcóticos habituais: bola, toneladas de bola, resignação, fatalismo, fado e fé cega nas instituições...instituições que, salvo raras excepções, estão mais sujas que pau de galinheiro...

Os comentadores e o chamado grande público começam a penalizar a campanha que não vai ao cerne das questões. Só banalidades, e não se vê empenho em acabar com o cancro da corrupção que é o grande mal desta caricatura democrática. Ver aqui o Público.
Os reflexos da intervençao do FMI na Coreia do Sul foram em certa medida positivos (VER AQUI) muito embora as desigualdades crescessem.

Esperemos que cá não aconteça isso e haja um combate sério às condições geradoras de injustiça social (corrupção e similares...).


Nós por cá temos um povo crédulo e acrítico mais virado para bater palmas do que para esgrimir argumentos; vai indo por aí...EU NÃO VOU POR AÍ!

Até quando?! Até quando alguém disser( e a grande maioria da população acordar) que «o rei vai nu»(leia-se: o regime apodreceu!).

3 comentários:

Emília Pinto disse...

Eu também não vou por aí..., mas também não quero ficar a leste das coisas; estou desiludida...não temos lideres confiáveis em quem votar, mas não faz parte de mim ficar em casa e não ir às urnas; vou sempre...cumpro o meu direito de cidadão, um direito pelo qual lutámos tantos anos; agora há que comparecer; é a única maneira que temos de dizer que não aceitamos esta vergonha em que se tem tornado a política nacional. Mas que opções temos? sinceramente, poucas ou nenhumas; tentarei votar naquele que me parece menos ruim. Um beijinho e um bom fim de semana
Emília

Isamar disse...

Também não vou por aí e, por isso,porque podia, bati a porta e ausentei-me da vida activa. Os últimos seis anos, principalmente, foram catastróficos, desastrosos, intolerantes, humilhantes... e de degrau em degrau fomos caindo e assim continuamos.Tornei-me, literalmente falando, numa pessoa desesperançada que não acredita que o País se levante sem que voltemos a um reinício muito, muito, duro.
O futuro está hipotecado, há muito, e não vislumbro saída nesta década. Mas irei votar no dia 5 de Junho.

Bem-hajas!

Abraço fraterno

Anônimo disse...

Bom dia e obrigada pelas palavras deixadas no Momentos.
Quanto ao que escreveu aqui tb ñ vou por aí!
Irei votar embora ñ acredite em ninguém!
Desmotivada e incrédula!
BFS.
Beijo.
isa.