

Os sinos dobram, dolentes,
Num ritual sofredor ;
Lágrimas brotam, ardentes,
Rostos crispados pela dor.
Chora o povo sofredor
Chora até uma gaivota...
Por que levaste, Senhor
Esta gente tão devota?!!!
Mereciam esta cruz
Este fim tão horroroso?!
Diz-nos lá Tu, ó Jesus,
Tão... misericordioso?!
A morte, negra qual breu,
Lançou sinistra mortalha;
Mas que injustiça, Deus meu
Condenar só quem trabalha!
Sinos protestam, só dor!
Choram de raiva, impotência...
Onde estavas tu, Senhor
Onde é que estava a clemência?!
Turbilhão de sentimentos
Acreditar ou descrer?
A dúvida e seus lamentos
Querer crer... e não poder...
E a assistência, tão lenta,
Não se encontra explicação
Compreender, a gente tenta,
Mas... não vislumbra a razão!
Há que prevenir, tentar
Mais descentralização;
Custe aquilo que custar
Há que ter mais atenção!
Sinos!, corações de luto
A mágoa e a tristeza à solta
Também choram; não discuto
Se é de dor... ou de revolta!
Singela homenagem aos pescadores das Caxinas (Vila do Conde)
vítimas do naufrágio do "Luz do Sameiro"; a toda uma classe tão
desamparada por quase todos os governos, os meus pêsames e a minha dor.
Rouxinol de Bernardim
Nenhum comentário:
Postar um comentário