segunda-feira, janeiro 01, 2007

OS SINOS DOBRAM POR TI, CAXINAS...











Os sinos dobram, dolentes,
Num ritual sofredor ;
Lágrimas brotam, ardentes,
Rostos crispados pela dor.

Chora o povo sofredor
Chora até uma gaivota...
Por que levaste, Senhor
Esta gente tão devota?!!!

Mereciam esta cruz
Este fim tão horroroso?!
Diz-nos lá Tu, ó Jesus,
Tão... misericordioso?!

A morte, negra qual breu,
Lançou sinistra mortalha;
Mas que injustiça, Deus meu
Condenar só quem trabalha!

Sinos protestam, só dor!
Choram de raiva, impotência...
Onde estavas tu, Senhor
Onde é que estava a clemência?!

Turbilhão de sentimentos
Acreditar ou descrer?
A dúvida e seus lamentos
Querer crer... e não poder...

E a assistência, tão lenta,
Não se encontra explicação
Compreender, a gente tenta,
Mas... não vislumbra a razão!

Há que prevenir, tentar
Mais descentralização;
Custe aquilo que custar
Há que ter mais atenção!

Sinos!, corações de luto
A mágoa e a tristeza à solta
Também choram; não discuto
Se é de dor... ou de revolta!

Singela homenagem aos pescadores das Caxinas (Vila do Conde)
vítimas do naufrágio do "Luz do Sameiro"; a toda uma classe tão
desamparada por quase todos os governos, os meus pêsames e a minha dor.

Rouxinol de Bernardim

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