Um blogue plurifacetado procurando abordar questões de interesse sob perspectivas diversificadas. A independência sim, mas sempre subordinada a parâmetros de bom senso, de optimismo e de realismo. O mundo e a sociedade sob o olhar atento e desassombrado de um cineasta do quotidiano, um iconoclasta moderno, sem peias, sem tabus, sem preconceitos.
quarta-feira, janeiro 31, 2007
Fado Alentejano
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ao Alentejo,
Pátria que à força escolhi!
Quando cheguei, quis-te mal!
Alentejo-ai-solidão...
Julguei eu que te quis mal.
Chegava do temporal...
Tão cego que te nem vi!
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Adro da melancolia!
Tua tristeza me pesa,
Alentejo-ai-solidão...
Quanto, às vezes, me não pesa!
E ausente dessa tristeza
Pesa-me toda a alegria...
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ao Alentejo,
Meu Norte-Sul-Este-Oeste!
Voltei ferido da guerra,
Alentejo, ai solidão...
Faminto voltei da guerra!
Mendiguei de terra em terra,
Esmola, só tu ma deste...
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Oceano de ondas de oiro!
Tinha um tesoiro perdido,
Alentejo-ai-solidão...
Que eu já dera por perdido!
Nos teus ermos escondido
Vim achar o meu tesoiro...
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Convento do céu aberto!
Nos teus claustros me fiz monge,
Alentejo-ai-solidão...
Em ti por ti me fiz monge.
Perdeu-se-me a terra ao longe,
Chegou-se-me o céu mais perto...
Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Padre-nosso de infelizes!
Vim coberto de cadeias,
Alentejo-ai-solidão...
Coberto de vis cadeias!
Mas estas com que me enleias...
Deram-me asas e raízes!
José Régio
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