Governar um país como o nosso, num contexto de endividamento tão excessivo, é uma arte cada vez mais complexa. Com recursos escassos e com dificuldades em criar os imprescindíveis investimentos públicos (devido aos custos da dívida) um governo com base de apoio volúvel como o nosso, não tem vida fácil.
António Costa não vai ter vida fácil. Mário Centeno também não. Com o aproximar de tempos eleitorais, os partidos que suportam o governo vão querer mais para justificarem às bases o ónus desse apoio. Contudo, há limites para abrir cordões à bolsa.
Os problemas macroeconómicos são vários. O contexto internacional pode ser volátil e gerar instabilidades e flutuações cíclicas nos mercados e, concomitantemente, subidas nos juros da nossa dívida soberana.
O governo sabe que o défice tem de estar sempre no centro da sua prática governativa. O equilíbrio orçamental poderá penalizar o país e lançar por água abaixo todo um sacrifício coletivo.
A conjuntura externa tem sido benigna. Será que se fez aquilo que cientificamente se designa por "política anticíclica"?!
Creio bem que não. À boleia desse ambiente benigno foram satisfeitas reivindicações legítimas e há muito prometidas. Não é fácil gerir um país quando quem governa tem limitações e segmentos reivindicativos de toda a ordem.
É óbvio que governar em democracia é mais difícil do que governar em ditadura. Lembram-se, os mais antigos, daquela afirmação do então primeiro-ministro Mário Soares que no seu pitoresco arrasoado dizia, que, por vezes , era preciso meter "entre parêntesis" a própria democracia?
Enfim, mudam-se os tempos e os contextos mas as problemáticas são similares. O nosso Cristiano Ronaldo da economia vive também em função de contextos. Se os contextos forem substancialmente alterados e não puder fazer o que se impõe, o insucesso surgirá como corolário lógico de todos os constrangimentos atrás apontados. O seu insucesso será o insucesso do país na sua globalidade.
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