LADAINHA DOS PÓSTUMOS NATAIS
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito
DAVID MOURÃO-FERREIRA, OBRA POÉTICA, 1948-1988, EDITORIAL PRESENÇA, 4.ª EDIÇÃO
2 comentários:
"Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro"
Meu novo amigo, concordo plenamente com sua linda poesia, menos com a frase que escreveu acima....Os versos de um poeta jamais terão um fim, são eternos!
Um grande abraço e um Feliz Natal junto aos seus...
Obrigada pela visita!
Bjs da Gena
Gena:
O poeta já faleceu chama-se David Mourão Ferreira.
Também faço poemas mas não lhe chego aos calcanhares...
Feliz Natal com muita poesia!
1 bj
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