Um blogue plurifacetado procurando abordar questões de interesse sob perspectivas diversificadas. A independência sim, mas sempre subordinada a parâmetros de bom senso, de optimismo e de realismo. O mundo e a sociedade sob o olhar atento e desassombrado de um cineasta do quotidiano, um iconoclasta moderno, sem peias, sem tabus, sem preconceitos.
sexta-feira, novembro 16, 2012
O erro de Vítor Gaspar
A economia é cada vez menos ciência e passa a ser arte. Os artistas abundam: nas evasões fiscais, nas fugas aos impostos, nas derrapagens descontroladas das empreitadas em obras públicas, na falta de rigor e na permissividade das leis, que, elas próprias, são um convite à corrupção e ao laxismo.
As finanças são em grande parte o retrato da economia. Se a economia está estagnada, se não há investimento produtivo, não há receitas fiscais; ora, mesmo que se enverede por uma política de impostos cada vez mais gravosos, a chamada exaustão fiscal leva a que a receita bruta seja inferior apesar das taxas terem aumentado.
A chamada curva de Laffer explica muita coisa, mas não tudo, como é óbvio!
Portugal é, neste momento, um gigantesco LARGO DOS ARTISTAS, onde pululam malabaristas e contorcionistas a todos os níveis. O poder local ostenta, em vários pontos do país, um microclima onde a permissividade, o laxismo, o amiguismo são trampolim para enriqueximentos rápidos à custa do erário público. Basta que se endeuse a figura do mecenas__ seja da bola, do ciclismo, ou do partido...__e todos se calam, todos enfiam o rabinho entre as pernas, com receio de represálias.
O país precisa de outros valores, de outras abordagens, senão não se criam investimentos produtivos.
E quem vai investir em Portugal?!
Certamente aqueles que estão à espera de comprar galinha gorda por tuta e meia, no que concerne às privatizações, num contexto desfavorável (para o Estado, pressionado a vários patamares...); há muito dinheiro no colchão (hoje, na era da globalização chamam-se paraísos fiscais...), mas Portugal neste momento não é aliciante: acorrupção obriga a pagamentos por baixo da mesa, a rentabilidade é reduzida pois o limão está mais que espremido, ou seja, o mercado interno foi reduzido, estrangulado, asfixiado...
É bem mais aliciante ir para a Índia ou China, Angola, Brasil, ou até norte de África ...
Vítor Gaspar é um académico, habituado a gizar estratégias nos gabinetes mas o seu trabalho é torpedeado por uma justiça que está corrompida, não funciona, protege os grandes lóbis e fomenta, por inação, as grandes fraudes. Viu-se no BPN e no BPP, no império de Godinho que à custa de amizades promíscuas conseguiu criar um império de forma rápida e sem ser incomodado pelo fisco, de forma que espanta o comum dos cidadãos.
E quantos godinhos ainda ocultos não andam por aí?!
A justiça (e o fisco) são fortes com os fracos mas muito fracos com os economicamente poderosos. Há um clima de impunidade generalizado e os instrumentos de fiscalização não funcionam. Quem denunciar este submundo corre o risco de ir preso ou ser castigado severamente pela tal justiça promíscua, venal, capturada por quem tem poder político ou financeiro!
Vítor Gaspar não tem a noção do terreno pantanoso, da areia movediça que medra por esse país fora. Ele não imagina o lodo que vai pelo cais...
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