D. Manuel Clemente, bispo do Porto, acha que também deve falar com a troika.
É óbvio que alguns não gostarão desta postura, pois considerarão uma intromissão na esfera restrita do Estado. Contudo, dado o estado a que chegamos, serão sempre bem vindas todas as boas vontades.
A Igreja deve ocupar o seu lugar na sociedade sem colidir com a missão específica do Estado. Contudo, a Igreja, além do aspeto escatológico também tem uma faceta muito material e objetiva, no que concerne ao apoio aos marginalizados, aos colocados numa situação de desamparo. Não, não é a chamada caridadezinha, como por vezes se diz em tom jocoso, é algo bem mais importante.
A Igreja pode criar postos de trabalho, pode dinamizar a economia, pode socorrer em muitas facetas da vida social. Precisa de apoios materiais também, mas tem uma plataforma social capaz de ir além da evangelização pura e simples e passar à ação.
Que tal mostrar a sua influência e canalizar os fundos que são delapidados na Madeira, no jornal que poucos lêem apesar de ser distribuído gratuitamente, aplicando esses valiosos recursos em tarefas de assistencia social?
O país tem jornais a mais e precisa de pão, sobretudo algumas camadas mais carenciadas.
A troika deverá ser sensibilizada para a necessidade de investimento para gerar riqueza, em detrimento da austeridade pura e dura. Se o Estado é culpado de criar obras faraónicas (o tunel do Marão, os estudos para o TGV, certas parcerias ruinosas para o Estado mas rendíveis para alguns aproveitadores da maré), a Igreja também tem os seus pecadilhos: a faustosa catedral de Fátima, as faustosas procissões, sobretudo no verão, onde são delapidados milhões de euros em honra de santos e santas de todos os matizes, e que, por vezes, mais não são que formas de protagonismo de alguns, onde o profano se impõe subalternizando o sacro.
O bispo de Beja, D. Vitalino, já alertou para esses pecados que não dignificam a Igreja, alvittrando até a separação das festas em duas vertentes: a profana e a espiritual ou sagrada.
Os santo antónios, os são joões e os s. pedros que por aí abundam são sorvedouros de dinheiro públicos e privados que bradam aos céus. Era bom um maior comedimento.
Era bom que a igreja metesse também a mão na sua própria consciência...
2 comentários:
A Igreja não é uma entidade que fale a uma voz...também faz coligações! :-))
Abraço
Talvez, talvez...
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