quinta-feira, março 22, 2018

VELHACOCRACIA, OU CHOLDRA?!





O Dr Miguel Cadilhe,  com profunda ironia,  chamava velhacos aos nossos políticos (alguns, claro...) que conduziram o país a uma deriva perigosa. Eça de Queiroz há  quase dois séculos apodava de "choldra" a governação de então. Comparava Portugal à Grécia em termos de mediocridade, corrupção  e provincianismo. Tudo se mantém na mesma, infelizmente.
Agora, depois do que se sabe sobre o antigo primeiro ministro e ex-recluso 44 de Évora, os estudantes de Coimbra (alguns, como é óbvio) convidaram a criatura para dar uma palestra sobre a crise.
Tudo lhe serve para ter palco, ter mediatismo, ter  banhos de multidão.
Os estudantes não têm um resquício de vergonha na cara, senão, iriam procurar outro talento para explicar a origem do mal. talvez o Ricardo Araújo Pereira fosse mais indicado.
VER AQUI A SUA CARTA A JOSÉ SÓCRATES

Falar,  fala ele, parece uma picareta falante. E não dá réplicas a ninguém, os jornalistas que tiverem a ousadia de fazer perguntas incómodas ele enxovalha-os em direto.

PERGUNTO EU:

Quando a jornalista Fernanda Câncio lhe perguntou (ao telefone) se já teria acabado o dinheiro do Freeport porque não reagiu com vigor, insultando-a também pelo atrevimento? Não, nada disso, calou-se que nem ratinho. Quem cala consente... diz a sabedoria popular...
E quando ela lhe disse que não era normal um ex-primeiro ministro ter uma casa em Paris e montes de massa (insinuando algo que todo o país sério e responsável insinua...) porque não lhe disse na cara que o apartamento não era seu, era apenas arrendado a um amigo? E que os "montes de massa" não eram dele, mas de um grande amigo? Estas escutas lançam a sua tese para o pântano... o pântano dos pântanos...

Pergunto a mim próprio o impacto negativo no tocante a investimento (privado/externo) que teve o conhecimento público do escândalo Freeport? Sim, quem quer investir num país em que o próprio primeiro-ministro é tido por corrupto?
Os danos colaterais provocados na esfera económico-financeira de Portugal foram  enormes. Quantos milhões fugiram de Portugal? A própria bolsa de valores,  ao saber~se  isto,  foi lesada,  pois os investidores saltaram fora do barco. Os portugueses foram todos lesados por ele. O impacto foi terrível, as agências de rating, pouco a pouco foram refletindo a tormenta que se avizinhava e nós pensando que era má-vontade, birra, preconceitos. 
A enxurrada de prejuízos arrastou a própria banca para o descalabro. Os negócios obscuros com Ricardo Salgado e  toda a teia envolvente são algo de monstruoso e colocam José Sócrates  num patamar  elevado no que toca a destruição do tecido económico-financeiro do país. Dizer, como ele disse alto e bom som, que "a dívida é para ser gerida"! Como se o seu montante em relação ao PIB fosse irrelevante, como se o peso cada vez maior dela , fosse despiciendo e sem qualquer significado!!!

O TGV seria uma inovação benéfica,  ninguém contesta. Contudo, o contexto era de todo em todo desaconselhável. Investimento capital-intensivo, com pouca incorporação de tecnologia e mão de obra nacional, seria mais gasolina para a fogueira. Se houvesse robustez económico-financeira, se a dívida não fosse a galopar, se a conjuntura dos mercados não fosse tão asfixiante, para nós, talvez fosse aceitável. Contudo, cego e surdo, levou a sua teimosia até aos limites incompatibilizando-se com o próprio ministro das finanças. Os juros, nos mercados  financeiros, roçavam os sete por cento!!! Criou condições para a vinda da TROIKA, apesar de dizer que a não queria. A austeridade foi imposta coercivamente do exterior, por culpa da sua má gestão. Mas afiança agora que a austeridade foi um ajuste de contas ideológico!!!
Como se a ideologia tivesse as costas largas! Como se pode ser tão infantil e primário neste raciocínio! ?Sacudir a água do próprio capote e lançá-la para cima da "ideologia", Ingénuo, falacioso, hipócrita! E vai dar "orações de sapiência" este pândego, este charlatão de feira!!!
Estudantes de Coimbra,  vós  perdestes uma boa oportunidade para "praxar" a criatura mais responsável pelo nosso estado, pois se não é o pai da crise, é, pelo menos um deles...

Proponho-vos um desafio. ENTREVISTEM A CRISE!!!
Era uma peça teatral altamente pedagógica no atual contexto. Se Gil Vicente fosse vivo, certamente não perderia oportunidade de fazer chalaça sobre isto. Sejam criativos e não boçais, como Sócrates!
Ela,  D. Crise,  que seja chamada,  aí , a Coimbra,  e diga de sua justiça! ela sim. E o zé Povinho de Bordalo Pinheiro, também. Era um diálogo interessante e altamente pedagógico!

Talvez Filipe La Féria tenha aqui um bom argumento para entreter (pedagogicamente) os portugueses...

José Leite de Sá



Rir ainda é o melhor remédio. Não nos livra da crise, mas  ajuda a espairecer!

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