Um blogue plurifacetado procurando abordar questões de interesse sob perspectivas diversificadas. A independência sim, mas sempre subordinada a parâmetros de bom senso, de optimismo e de realismo. O mundo e a sociedade sob o olhar atento e desassombrado de um cineasta do quotidiano, um iconoclasta moderno, sem peias, sem tabus, sem preconceitos.
sexta-feira, março 23, 2018
Eunuco, subproduto do sistema
Poeta eunuco está na moda
Os eunucos do sistema
Ñão ousam contestação
Querem espertinho, o poema,
Aliam-se à corrupção.
Poetas castrados, sim,
À cata de sinecura
Ingénuos?, nem tanto assim,
Subprodutos de incultura...
Sanguessugas do poder
Ao seu lado sempre estão
Receiam o maldizer
Podem perder a ração...
Parasitam fundações
Sempre ao sabor da corrente
Só vénias, genuflexões,
Tão servil e espertamente!
Contestar é uma tolice
Dizer améns dá prazer
É normal a vigarice
É natural corromper...
O sistema está montado
Patrocina esta cultura
Escrutinar é pecado
Lá se vai a sinecura...
O poeta tão espertinho
Calculista e cortesão
Usa branco colarinho
Silencia a corrupção.
Poeta dócil, hermético,
Incapaz de maldizer,
Vazio, senil, patético
Eunuco, escravo... do ter!
Poeta castrado é
Incapaz de escrutinar
Curvado, mesmo de pé...
Sempre, sempre a gatinhar...
Rouxinol de Bernardim
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