Vejamos alguns casos concretos:
l- Foi oferecido um carro de bombeiros aos bombeiros de Vila do Conde. Foi aproveitado um local e uma hora de muito afluxo de crentes para benzer a viatura. Foi usado como palco mediático a Igreja do Senhor dos Navegantes nas Caxinas, no final de uma missa dominical. Enfim, as pessoas de boa fé interrogam-se sobre as motivações profundas deste modus faciendi pouco comum e que cheira a captação de votos de forma artificial e hipócrita...
2- Tem sido promovidos alguns passeios pedestres, pela câmara municipal, através das nossas freguesias. Aproxima-se o acto eleitoral e é uma forma subtil de mostrar serviço, exibindo a imagem da edil mor com o seu séquito de turibulários. Imagine-se que um desses passeios foi até à PORTA SANTA!!!
Intitularam ao referido passeio__ segundo se pode ler no Jornal de Vila do Conde__ PASSEIO DO PERDÃO!!!
Os caminhantes pedem perdão a quem»!!! Aos munícipes por visitarem poucas vezes as freguesias, por não terem cumprido todas as promessas feitas em campanha eleitoral, por investirem mais na sede do município do que nas freguesias?!!! A pergunta fica no ar...
Refira-se que a PORTA SANTA fica fora do concelho, na vizinha Póvoa de Varzim (freguesia de Balazar).. Será que as portas dos nossos sagrados templos não mereciam o privilégio de ser o termo da caminhada?! Será que ainda não atingiram tal patamar de sacralidade?!
3- Alguns políticos ateus, que fazem gala de o serem, vão frequentemente aproveitar o banho de multidão que lhes é oferecido pelas majestosas procissões que se realizam um pouco por todo o lado. Por que não se abstêm dessa participação, pois, não sendo crentes, seria muito mais digno e coerente, ficarem de fora, deixando aos veros crentes esse trabalho e essa manifestação de fé.
Será que querem exibir-se perante os eleitores crentes? Será que pretendem colher votos nesses cenários de cunho marcadamente religioso? Sou cristão e sei que Deus está em toda a parte. É tão eficaz a oração na casa de cada um, como na via pública. Não acredito na eficácia de uma oração num ambiente onde a euforia e o exibicionismo pedante são imagem de marca!!!
Já era tempo de se separarem as águas. «A César o que é de César, a Deus o que é de Deus!»
O exibicionismo da fé, de forma tão excessiva, já deu azo a que o Papa Francisco, com a sua frontalidade e acutilância tivesse dito mais ou menos isto: «Afastai-vos dos que arrotam santidade, por vezes são bem melhores os que confessam as suas fragilidades e fraquezas...». Eu pecador me confesso...
josé sá
apóstolo da cidadania pura
Ouçamos o intemporal António Aleixo, esse iconoclasta sempre pronto a zurzir os vendilhões do templo e da política!
:
Os Vendilhões do Templo
Deus disse: faz todo o bem
Neste mundo, e, se puderes,
Acode a toda a desgraça
E não faças a ninguém
Aquilo que tu não queres
Que, por mal, alguém te faça.
Fazer bem não é só dar
Pão aos que dele carecem
E à caridade o imploram,
É também aliviar
As mágoas dos que padecem,
Dos que sofrem, dos que choram.
E o mundo só pode ser
Menos mau, menos atroz,
Se conseguirmos fazer
Mais p'los outros que por nós.
Quem desmente, por exemplo,
Tudo o que Cristo ensinou.
São os vendilhões do templo
Que do templo ele expulsou.
E o povo nada conhece...
Obedece ao seu vigário,
Porque julga que obedece
A Cristo — o bom doutrinário.
(António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."
Fui visitá-lo ao céu dos imortais. Lá estava ele, sentado a uma mesa, escrevendo mais poemas. Intrigado, perguntei-lhe:
__ Então Aleixo sempre a escrever , isso não é uma obsessão, até no céu, não era tempo de descansar?
Respondeu-me, sorrindo:
__Eu sabia que tu cá vinhas. sabes que vejo sempre o canal terrâqueo e soube da tua vinda. Por isso, não pude deixar de ler o teu blogue e quero comentar pessoalmente a tua análise, muito séria e pertinente, apesar do sorriso irónico que lhe subjaz. Tenho falado aqui com o Bocage, que mesmo no céu continua a ser aquele gajo porreiro que Setúbal conheceu e que Portugal inteiro adora; ele também lê muito e creio que até já comentou o teu blogue; agora é a minha vez, vou arriscar uma parábola, e que Deus me perdoe...
Esta parábola arrisco:
O Povo é peixe normal
E Deus não passa de um isco
No anzol Poder Local!
Exibir Fé, é vaidade,
Por vezes, mera cortina,
Para ocultar a verdade
Que o Povo nem imagina!
Bizarra cumplicidade
Ou tão só chico-espertismo
César com Deus, na verdade
Cheira mesmo a oportunismo!
Caudilhos feitos cruzados
Mimetismo oportunista
Deus e César irmanados
Na mixórdia populista!
Tanto oportunismo à solta
Que pergunto aos meus botões:
O Povo não se revolta
Contra as tolas perversões?!!!
Eu nunca baterei palmas
A oportunos... "devotos":
Uns, lá vão pescando as almas
Os outros... pescando... os votos!!!
Querem tudo abençoado
Manipulação das gentes
Deus, por César capturado
Torpes fins, tão evidentes!
__Muito obrigado António Aleixo, vejo que ali ao longe vem o Bocage. Que nos quererá dizer?!
Mestre Bocage chegou e puxou uma cadeira para se juntar a nós. Falou assim:
__Meu amigo, quero que mandes um abraço aqui do céu ao Frassino Machado e à América Miranda por tudo o que têm feito em prol da divulgação do meu estro. E, já agora, manda um abraço ao Mourinho e ao pai, ao Félix, para que recupere das maletas; e que o Vitória continue a fazer das suas, pois fico espantado com os jogos que tenho visto através da nossa televisão aqui do céu! aqui, até criei uma claque: O OITAVO EXÉRCITO!!!
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