Meu caro Manoel de Oliveira. Sei que está farto de homenagens por causa da idade. A longevidade é bom, mas seria mais lógico que fosse homenageado pelo conteúdo dos filmes. Já tresanda a oportunismo, da parte dos homenageadores...
Como era bom vê-lo de novo, no Diana Bar, na Póvoa de Varzim, a falar com Orlando Taipa, José Régio ou Agustina Bessa Luís.
Como não é possível, vou fazer artificialmente (um diálogo imaginado, ficcionado...) onde estarão presentes Joé Régio e Orlando Taipa...
Protegidos pela brisa forte, mas aquecidos pela vidraça que provoca uma espécie de efeito de estufa, os três amigos, lendo o JN de hoje - 10 de Maio de 2013- vão cavaqueando :
__ Olha Régio__ diz Orlando Taipa, com o seu vozeirão característico, sempre galhofeiro__ que te parece esta notícia do JN sobre as vacas galegas no cio para apanharem os dois touros que fugiram ao matadouro e andam a monte?!
__Olha, Orlando__ diz Régio contemplando o mar, ao longe, e uma gaivota imaculada que teima em fazer estacionário junto ao Diana__ os touros porventura já leram o meu Cântico Negro... e não vão por aí, não se deixam seduzir pelo cheiro a sexo fácil, não cairam na tentação da carne escolheram outra opção. Talvez tenham pedido asilo político a algum lavrador amigo, que lhes garantiu mais uns anos de vida...
__Bem observado__ galhofou Manoel de Oliveira__ sentindo a vida em perigo, rumaram a outras paragens. Sexo é coisa que não lembra a quem vai fugindo à morte iminente...
O empregado surgiu, trazendo as bebidas da praxe. Manoel de Oliveira interpelou-o:
__Já viu que querem fazer concorrência aqui ao Diana. Eu tencionava marcar um encontro aqui no dia do meu aniversário. Mas vem agora, este político populista, num aproveitamento oportunista, convidar a população do Porto, sem me avisar previamente como o mais elementar bom senso aconselharia, a utilizar a Av dos Aliados para o meu aniversário, como se eu fosse uma arma de arremesso eleitoralista...Traste, criatura sem vergonha, sou idoso mas ainda não cheguei à senil...idade!
__Esse pato bravo da política__ ironizou Orlando Taipa__ só quer protagonismo fácil. Usa o F. C. do Porto com trampolim eleitoral. Sendo um lagarto assumido, não se importa de ser dragão para colher dividendos eleitorais. «Pão e circo» é com ele. Festas, despesismo galopante e futebóis é só com ele! é o paradigma do político populista que não olha a meios para atingir os fins. É só foguetórios e romarias à custa do erário público. É com tipos destes que o país se vai afundando cada vez mais...Dívidas e mais dívidas, festins e mais festins...O titanic a afundar-se e a orquestra sempre a tocar!...
Vindo das brumas da memória, com a sobrecasaca bem aperaltada, o cigarro entre os dedos, a bengala a preceito, fazendo um ruido surdo na lage, surgiu Eça de Queiroz. Perante a surpresa geral. afivelou um sorriso maroto e chalaceou:
__Com que então meus caros amigos, estão aqui a saborear um chá, sem me convidarem?! Posso reunir-me ao grupo?!
Boquiabertos, sem uma pinga de sangue no rosto, fizeram que sim, num gesto mudo e aguardaram que o mestre dissesse ao que vinha:
__Fartinho de estar ali, na praça do Almada, ouvindo as discussões e as perrices dos vereadores, sabendo da vossa presença aqui, vim tomar um pouco de ar e saber as últimas. Ouvi dizer que o governo anda a cilindrar os pensionistas e pensa fazer cortes com efeitos retroativos nas reformas e pensões, será ? Esta choldra anda a afundar ainda mais a credibilidade do Estado, que já não é pessoa de bem, não merece credibilidade nenhuma, nas campanhas eleitorais prometem descidas nos impostos e aumentos de pensoes mas depois fazem tudo ao contrário. Pinóquios, pinóquios, pinóquios. Com este tempo de ananases, com o sol a acariciar os rostos de tantos idosos, dando-lhes um raio de esperança, o raio dos políticos continuam a ser uns safardanas do piorio... Esta república ainda é pior que a monarquia, com as suas sinecuras e mordomias. Vejam o que se passa com certos administradores pertencentes à maçonaria que saltitam de governo em governo, de empresa pública em empresa pública, enfim uns barões que ganham fortunas e reduzem a plebe à penúria, ao esclavagismo, à exclusão social mais repugnante. E eu que lutei pelos ideais republicanos, ao ver isto, dá-me vómitos...Um raio que os parta a todos!!!
Um comentário:
O Diana Bar em Lisboa, poiso de mulheres perdidas, (infelizmente já fechou e elas foram incluídas no mercado de trabalho), aí sim gostaria ver Oliveira.
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