terça-feira, abril 16, 2013

O Estado a que chegamos!!!

Os sete anos que Portugal [e a Irlanda] beneficiaram para pagar os juros de empréstimos, não são assim uma alivio tão grande como o que tem sido anunciado pela comunicação social, ainda que se traduz
am em beneficio para as empresas e para a economia e facilite o regresso aos mercados, no entanto esses sete anos de aumento da maturidade significam um acréscimo dos juros sobre a divida que Portugal terá de pagar, e que correspondem a 6,3 milhões de euros ao fim de 20 anos, o que perfaz um total de 68,8 mil milhões de euros em vez dos 62,4 mil milhões. Esses juros são pagos a 3% com uma maturidade de 13 anos - isto se o acordo se manter com a troica - ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e ao Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEF). Nas obrigações a 10 anos os juros estão a 6,3% o dobro do que é acordado com a troica. Mesmo assim, Portugal [tal como a Grécia] terá de pagar 20 mil milhões em divida entre 2015 e 2021, sendo que o resgate engloba 7 mil milhões em 2016 e 8,7 mil milhões em 2012.

 Perante estas obrigações, Portugal enfrenta ainda uma divida no valor total de 207 703 milhões de euros em 2013, correspondendo a 122,4% do PIB (Mais elevada só a Grécia e a Itália) e com tendência a subir. A par disto existe também preocupação com o défice e que actualmente se encontra nos 6,4%, um dos critérios de compromisso com o Eurogrupo e o Ecofin, o que obriga aos cortes brutais a serem feitos nas despesas do Estado, já que por via das receitas está fora de questão devido à decisão do tribunal constitucional.

São cerca 1326 milhões de euros de acordo com a 7ª revisão do programa de ajustamento da troica. Destes cortes serão 600 milhões de euros aplicados aos ministérios e o restante, à Segurança Social, Saúde, Educação e Empresas Públicas. Fala-se ainda numa TSU para pensionistas, algo imoral e degradante e o aumento da idade de reforma para os 67 anos. Ora o impacto destas medidas de austeridade - assim decididas pela ortodoxia alemã com o apoio de outros países satélites - porque existem outras, têm efeitos completamente recessivos - ou mesmo de espiral recessiva - na economia portuguesa, impedindo o crescimento económico, e provocando um brutal desemprego gerado quer pelo facto de a economia não crescer como devido aos cortes ilógicos na despesa do estado, estas politicas têm efeitos complexos e inversos ao que supostamente se pretende, pois, aumenta a própria divida pública através do acréscimo da despesa da segurança social por exemplo.

Mas se a dívida não for paga, Portugal sai do Euro e se o mesmo suceder a outros países como a Grécia, mas ainda pior como a Itália, então o Euro teria certamente o seu fim, o que colocaria o projecto europeu em grandes duvidas. Penso que os Eurobonds deveriam ser criados de futuro e avançar-se numa solução federalista, mas esta solução só é viável com uma democracia muito forte em todas as instituições europeias, harmonização fiscal e cooperação económica e social na União, criação de politicas de crescimento e emprego. Como não estou a ver que isto mude enquanto esta coligação de direita conservadora se mantiver na Alemanha: A coligação da CDU (União Democrata-Cristã) e a CSU (União Social Cristã), pode mesmo estar em causa se o o partido de Angela Merkel insistir na ajuda a outros países, portanto estamos completamente reféns do governo alemão e assim não pode ser, os responsáveis políticos alemães terão de recuar nesta fracassada politica de austeridade, isto com o euro bem forte, ou será um Super Marco ? Repare-se,  a moeda única está de acordo com as economias do norte europeu e nada de acordo com as economias do sul e isto levanta muitas questões. A outra questão é o papel do Banco Central Europeu que tem feito um papel muito limitado sem poder colocar moeda no mercado.

Os politicos europeus estão a negociar secretamente uma zona de comercio livre com os EUA, sem qualquer consulta aos  cidadãos europeus, devo dizer que não me parece que haja vantagens comerciais para a Europa e  em particular para os europeus, os números falaciosos apontam para uma enorme vantagem comercial da parte dos EUA, mas isto não é assim, se o mercado interno europeu é injusto e funciona mal, vai-se alargar ao mercado americano ? Foram os próprios políticos tecnocratas europeus que arruinaram as industrias europeias com um liberalismo selvagem - leia-se "freedon". Além do mais os EUA não estão em crise, têm uma verdadeira união e têm um programa orçamental comum com receitas próprias coisa que não acontece com a UE, aliás vai no sentido contrário ao reduzir irresponsavelmente o seu orçamento comunitário que servia por exemplo para apoiar a ciência e o conhecimento de forma a tornar as empresas europeias mais competitivas. Além do mais este assunto move-se mais por questões politicas de que económicas, muito por pressão dos EUA e que têm profundo impacto geo-estrátégio na Europa e mesmo no mundo, que penso não ser de forma alguma favoráveis a Portugal, lembramos que o nosso potencial é o mar, reforçando ainda mais as ligações aos EUA, à Europa sobretudo numa dimensão política e económica, ela far-se-á muito pelo norte (Reino Unido e Alemanha), ora,  isso reduziria bastante a importância na vertente atlântica portuguesa. Que deve ser o reforço dos laços com África e América Latina.

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Outra nota, são sete sub-convenções rodoviárias adjudicadas pelo governo de Sócrates que vão gerar encargos no valor superior ás receitas até 2030 no valor de 6 332 milhões de euros. Uma barbaridade que deveria ser evitada, mas não, é o próprio governo que se opõe a que estes problemas sejam resolvidos.
PR

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