quinta-feira, outubro 18, 2018

Orçamento de 2019 - Verdades & Ficções...


«Todos somos Centeno!» é uma afirmação destinada a reunir consensos e predispor os portugueses a remarem todos para o mesmo lado, o da recuperação e regeneração.
Contudo, temos de ter fé, mas também ter consciência do terreno que pisamos. Fé neste governo mas também tomar consciência das realidades subjacentes a toda esta problemática onde a futurologia dá cartas,

Sim, é do domínio da futurologia fazer um orçamento. Sabemos que ninguém é capaz de prever o futuro com total exactidão e quando se projeta um orçamento parte-se do princípio que há certos parâmetros que ficam centrados em valores pré-definidos. A chamada condição "coeteris paribus" permite estabelecer traves-mestras, opções fixas que consubstanciam todo um conglomerado de variáveis que enformam a elaboração de um trabalho desta amplitude.
Não sabemos como vai evoluir o preço do petróleo, como vai projetar-se  a cotação do dólar e do euro. Não imaginamos as implicações geopolíticas de alguns cenários como a situação na Venezuela, em Angola, na Catalunha, na Inglaterra , na China, nos Estados Unidos da América.

Enfim, a própria natureza pode ter implicações  graves neste exercício complexo, pois as catástrofes e  as chamadas calamidades públicas (como pandemias e similares) podem eclodir a qualquer momento e assumir proporções bem dramáticas alterando radicalmente os dados em equação.

Vejamos um exemplo de "catastrofismo financeiro" a nível  nacional:

VER AQUI NOVO BANCO NAS MÃOS DE FUNDOS ABUTRES ...

O défice de 0.2 por cento do PIB poderá acontecer mas tenho muitas reservas. Sei bem que a conjuntura das agências  de rating retirando Portugal do "lixo" poderá favorecer o serviço da dívida e libertar recursos para mais investimento público. A alegada iminência de criação do chamado Fundo Monetário Europeu __ se tal vier a acontecer__ poderá aligeirar problemas aos países do Sul da eurolândia, contudo,  isso poderá ser apenas uma miragem.

Digamos que há otimismo da parte do governo, que o Dr António Costa gosta de ver «o copo meio cheio» e isso só por si é positivo. Que use óculos cor-de-rosa é um direito que lhe assiste.

Esperemos que   a dura realidade não lhe retire esse otimismo e que o slogan «TODOS SOMOS CENTENO» seja aplicado por todos,  na prática.
  Que as câmaras municipais continuem o seu esforço de diminuição do endividamento, que as empresas públicas sigam a mesma rota regeneradora, que os bancos saibam usar a prudência na concessão de créditos, que o setor público saiba ser comedido e racional no uso dos seus recursos, que os sindicatos não optem pela política de terra queimada e tenham um sentido de estado que só os dignificaria. Mas a mentalidade reinante não é esta, não afina pelo meu diapasão, infelizmente. Contudo...

OXAlÁ  ESTE ORÇAMENTO SEJA EXEQUÍVEL...

José Leite de Sá
Adepto da Prudência, sem hostilizar a Audácia, mas usando sempre  os óculos do Realismo.

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