quinta-feira, agosto 11, 2016

PORTUGAL ARDENDO...

O combate aos fogos não dá tréguas. Esta bombeira aleita o filhote no intervalo das operações...

Já era previsível. Depois de um inverno e de uma primavera chuvosos os materiais combustíveis das matas cresceram e o rastilho estava  ali à vista. Eu, e alguns conterrâneos (muitos, por sinal) fomos previdentes. Eu procurei  abrir asseiros e alargar uma via circundando a mata permitindo o acesso pleno a cisternas ou carros de bombeiros. Além de um abate significativo (cerca de tresentas toneladas de madeira) procurei fazer uma limpeza mais cuidada. Todos os cuidados são poucos nesta matéria...

Agora, pelo país inteiro assiste-se a uma autêntica tragédia. O próprio governo inviabilizou um acordo com a FAP no sentido de colaboração activa num cenário de fogos, como tinha sido já encetado pelo anterior governo. O que falhou? Nada se sabe tudo fica no segredo dos deuses, o povo é o último a saber...

Na Madeira o caos e o pânico instalaram-se. Os meios sempre escassos tornaram-se escassíssimos dada a gravidade da calamidade. Gastam-se fortunas em pirotecnias loucas por alturas do ano novo e do carnaval mas na prevenção pouco ou nada se investe. Ninguém assume responsabilidades. A impunidade é total.

É óbvio que a natureza não é a única culpada. Há que criar uma prevenção mais pró-activa, gerar e gerir  mecanismos preventivos com a ajuda do Estado e colaboração das autoridades no terreno. disponibilizar todos os meios para criar asseiros, vias de acesso aos locais mais inóspitos, enfim, prevenir antes de remediar...

No inverno lá teremos as cheias, nada se faz agora para prevenir os seus danos colaterais... Enfim, só sabemos carpir mágoas... 

Recentemente a senhora ministra da administração interna veio publicamente dizer que as forças Armadas não têm capacidade para combater fogos!
Ora, esquece que já há cerca de seiscentos militares do Exercito nesse combate e a Força Aérea só não está lá por motivos muito obscuros. Vejam o que diz o Coronel Joaquim Manquito, do conselho superior dos Oficiais das Forças Armadas sobre este tema:

«Parece impossível… No final do século passado, enquanto o combate aos incêndios florestais foi uma “Missão”, a Força Aérea Portuguesa operava os meios aéreos em Portugal, mas quando esse combate passou a ser um “Negócio” arrumaram-se os C-130, os kit MAFFS para os equiparem ficaram a apodrecer, os bombeiros exaustos, os meios de substituição não aparecem e….o flagelo continua.
Quais as vantagens? A centralização dos meios aéreos na Força Aérea com custos reduzidos para o erário público, bem como a poupança em termos de manutenção (dado o background existente) e uma logística dos meios incomensuravelmente mais rápida e operacional.
Parece que, conforme noticiado em 09jun2016, o MAI recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de combate a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o actual estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu “interesse” e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora do país.
Espanha, EUA, Grécia, Croácia, Marrocos, são exemplos de países onde os meios aéreos de combate a incêndios são operados pela Força Aérea local. Parece impossível…»

Nota: Um socialista moderno faz isto!

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