««Nunca tenho dúvidas e raramente me engano!»
«Eu tenho acesso a informação privilegiada!»
Às vezes dou comigo a pensar na psicologia do nosso presidente, nas suas tiradas mais gritantes, que ultrapassam tudo o que seria expectável, e pergunto se não serão típicas de uma certa forma de bipolaridade...
Lembram-se de ele usar com frequência a expressão do copo meio vazio (na análise dos pessimistas...) e no copo meio cheio (na ótica dos otimistas...) para chamar pessimistas aos que criticavam o evoluír da situação que se vivia há cerca de meia dúzia de anos, quando Medina Carreira se espantava porque ninguém fazia referência ao galopar das dívidas externa e pública?
Então, ele era um otimista desenfreado, doentio. Recordo as suas afirmações categóricas na campanha eleitoral, no sentido de que com ele ao leme estaria ali ao virar da esquina o bom caminho, a meta do êxito, o paraíso na terra? Não posso olvidar aquela afirmação estulta de Luís Delgado, um dos seus gurus, afirmando que ele era capaz de prever até os ciclos económicos, uma espécie de bruxo da economia?
Há dias reivindicava a superioridade das suas afirmações no facto de ser possuidor de informação privilegiada. Ele tem uma vasta equipa de observadores, de patrulheiros dos jornais e das revistas que lhe recortam assuntos de candente atualidade nos mais díspares domínios, ele possui um leque de informadores que captam os sinais mais obscuros do Portugal profundo, que levam até aos seus ouvidos os sussurros populares mais heterogéneos, ele tem olhos e ouvidos em toda a parte.
NO ENTANTO:
Quando o país inteiro reclamava a saída de Dias Loureiro do Conselho de Estado por força das suas graves responsabilidades no BPN __ chegando ao ridículo de acusar o banco de Portugal de nada fazer para investigar quando ele lá fora, pessoalmente, alertando para o perigo do afundamento desse titanic bancário, e, vir o próprio vice-presidente da instituição, dizer que era redonda mentira, o que ele lá fora fazer era precisamente o contrário, pedir para não perseguirem o banco!,__ o inquilino de Belém garantia a pés juntos que o conselheiro tinha toda a credibilidade e era uma figura impoluta e digna dos maiores encómios!
Se tinha mais informação que o cidadão vulgar de lineu, porquè esse comportamento ? Estranha postura a sua, muito pouco credível a sua prática neste caso concreto, pois foi praticamente a pressão popular que levou o referido conselheiro a saír pelo seu próprio pé, quando o país inteiro lhe lançava ovos podres à cara!Ora, quem tem informação privilegiada__ e longe de mim contestar isso!__ mais responsabilidades deve arcar, menos atenuantes deve ter nos casos mais patológicos em que estivemos mergulhados.
Dizia em várias ocasiões, que «não era comentador», tinha «o dever de reserva», não queria «protagonismo». Enfim, calava-se, num silêncio cúmplice e protetor, escudando-se em banalidades desculpabilizantes. Foi vezes de mais um passa culpas, um Pilatos lusitano, um assobiador para o ar.
Todos se recordam da solenidade com que falou das escutas a Belém, da gravidade com que enfrentou a jornalista que o interrogou em plena campanha eleitoral, tendo dito : «depois falarei!»
E o que disse após o ato eleitoral? De concreto, nada, teve até a franqueza de confessar que os seus conselheiros o aconselharam a «falar e nada dizer»!
Enfim, a passar um atestado de menoridade a todos os portugueses de reta intenção e de sãos princípios!
Um comentário:
Nunca mais me posso esquecer dos seus discursos de vitória das eleições e de tomada de posse!
Aí demonstrou bem o seu mau carácter!
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