quarta-feira, junho 27, 2007

O INFERNO EXISTE! ELA FOI LÁ E... REGRESOU!...


Boticeli, a Divina Comédia
Foto extraída algures na internet
Ir à lua e regressar já é algo de corriqueiro e banal; assume foros de naturalidade. Contudo, ir ao inferno, ao terrível império de Lúcifer, e regressar, até hoje ninguém se podia gabar disso...
Mas ela, a Dra Maria José, foi lá e... regressou! vivinha da Silva!
Eu conto...
Muito dada às coisas da Igreja, talvez tenha sido essa a causa do milagre; talvez Deus se tenha servido dela para alertar a humanidade. Deus é bom e avisa-nos.
Sim, de facto, a humanidade, escravizada a um crescente agnosticismo, hostilizando (ridicularizando mesmo) o sacro e virando-se para o profano, para a luxúria, para o pecado, a tentação da carne, precisava de um alerta vermelho!
Foi-o de facto. A humanidade vai criando infernos atrás de infernos, mas o verdadeiro, o legítimo, o de Satã, é algo de pavoroso, de horrível, de dantesco!...
Estava dividido em pavilhões enormes. Um vento demoníaco fazia com que as labaredas atingissem alturas descomunais. Cá fora, legiões de diabos carregavam sacos de carvão. Pareciam gigantescos SS's dos campos de concentração nazis. Aliás, podia ler-se à entrada, em letras garrafais: "IMPÉRIO DE SATÃ"
Mais abaixo, em caracteres menores, a seguinte legenda: "só o trabalho liberta!"
De facto, o que mais se via era trabalho. Para manter acesa aquela fornalha demoníaca, todos os dias chegavam toneladas e toneladas de carvão. Maria José, muito aflita e agoniada, reparou que o carvão tinha rostos humanos!... Eram almas condenadas ao eterno castigo!...
Um diabo-cicerone fê-la flutuar por cima das chamas para poder observar melhor aquele panorama horrível, aquele caudal de sofrimento acompanhado de gritos lancinantes. De fazer sangrar a alma mais rude!... Maria José lembrou-se nesse momento daquela voz tonitroante de Artur Albarran a apresentar um conhecido programa de TV: "o horror, o drama, a tragédia!!!"
Enfim, muito pior do que alguma vez imaginara!
Foram passando à sua frente os rostos de Pol Pot, Hitler, Mussolini, Estaline, Mao, Al Capone, Jack o estripador,enfim, um filme histórico de estarrecer!
Numa galeria lá nas profundezas, gritando até não mais poder, gritos lancinantes, ouvia-se a voz de Nero, o imperador romano que mandou incendiar a cidade. Átila, Gengis Khan e tantos outros foram perpassando num desfile impressionante! Era infernal tal visão! Era atroz! Aterrador!
Enfim, um mar imenso de almas esturricadas por um fogo interminável, intenso,
a fúria divina, no seu expoente máximo!
Mas, surpresa das surpresas! Havia lá um pavilhão onde o sofrimento era menor, mas... imaginem... contendo a alma de pessoas que ainda circulavam na terra!
Era o pavilhão dos mortos-vivos! Enfim, todos nós somos cadáveres-adiados, quer se queira admitir ou não... Mas, para Maria José, vê-los ali, foi algo de inesperado, de terrível, de fantasmático!!!
Bush, ele próprio, o presidente dos USA! Trazia a bandeira americana a flutuar sobre aquele mar de fogo. E gritava: "vamos cumprir o protocolo de Quioto! Vamos abandonar o Iraque!"
Foi triste vê-lo assim, roto, chamuscado, sujo que nem pneu velho... O seu espírito amargurado era uma pena! Via-se também que estava impotente e atado de pés e mãos! era uma serpente enorme... chamada capitalismo selvagem!
E também portugueses, neste pavilhão dos mortos-vivos!
Seria possível?!! Maria José julgava vislumbrar o rosto sorridente, mas aqui muito carregado, do major Valentim Loureiro! Ostentava um cartaz a avisar: "eu não sou o Bin Laden do futebol português!"
Maria José ficou mais petrificada ainda! Já ouvira falar naquilo, há muitos anos. Fora o agricultor de Palmela (Octávio Machado) que, por vezes ,faz umas incursões no reino do futebol indígena, que lançara o alerta, mas nunca ousara especificar! Estava ali, com toda a evidência, o verdadeiro, o tal... contudo, Maria José assestou melhor o olhar, perturbado pelo calor e pelas faúlhas sempre saltitando a ritmo infernal, e verificou que era apenas o inconfundível Ricardo Araújo Pereira, o popular Gato Fedorento, com uma barba postiça!!!
Quem sobressaía, num plano destacado, era o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates! Mas esse usava um fato de amianto protector... devia ser uma visita, pensou Maria José... trazia um cartaz onde se podia ler:" engenharia sanitária ao serviço da comunidade infernal!"
Na outra mão, procurando evitar que as chamas alterosas o devorassem, via-se um diploma. Ele gritava: "aqui no inferno há algum fax?"
Maria José não parava de se surpreender! é que num rio de chamas muito intenso, viu flutuando com aparente tranquilidade rodeado de cachorros, o conhecido Pinto da Costa. Gritava aos sete ventos: "Estou tranquilo! Estou tranquilo! Estou tranquilo!"
Trazia um enorme saco às costas. Era fruta. Quando passava algum diabinho mais solícito, mais "flexível", ele subornava-o com uma peça de fruta e recebia um balde de água fria!... Até no inferno este homem não deixava os seus créditos por mãos alheias. É de lhe tirar o chapéu!
Ao seu lado, como não podia deixar de ser, qual ironia do destino, o árbitro Calabote. Gritava muito: "eu sou Inocêncio! sou Inocêncio!"... Parece que de facto ainda é...
Pedia algumas peças de fruta ao Pinto da Costa. Este recusava e explicava: " vai mas é pedir fruta ao tipo dos pneus! esse sim, pode pagar bem! agora até vai ter um banco! se o Berardo estiver pelos ajustes..."
Impagável!, a mesma ironia de sempre, o mesmo sorriso sarcástico, o mesmo
à-vontade perante as turbulências, perante os factos mais gravosos. Mesmo no inferno, a tranquilidade absoluta. Cinco estrelas!
Enfim, um mar de surpresas, neste mar de chamas incontroláveis.
Quem se via lá ao fundo?! Nem mais nem menos que o dr José Luís Sandanha Sanches... esse mesmo, o "grande educador da classe operária"!... Trazia às costas uma rede carregada de seres vestidos de negro. Seriam árbitros corruptos? Não, pareciam juízes ou magistrados... Um letreiro dizia apenas: "Os capturados pelo poder local!"
Mais além, um autarca conhecido. De bigode todo queimado, sorriso contrafeito, ar espantado e descontrolado, era um homem caído em desgraça. Gritava muito: "Aqui há democracia a mais! não quero tanta!" "Não há 'apito dourado' na Póvoa!" "É tudo imaginação delirante de uma oposição maledicente!"
Era o dr Macedo Vieira, da Póvoa de Varzim. Trazia uma arma de caça. Alguns cães de guarda faziam-lhe companhia.
Maria José não chegou a compreender... E, de repente, um choque maior ainda!
Eis senão quando, emergindo daquele oceano de chamas encapelado, surgiu um rosto que lhe era muito querido! "é ele, é ele!" Gritou desesperada...
Nada mais nada menos que Paulo Portas! Num fato todo enfarruscado, cheio de lama até ao pescoço, um chapéu roto na cabeça, uma gravata toda queimada até metade, um caozinho de estimação a seu lado e... um cartaz rezando assim: "Jacinto Leite Capelo Rego!"
A Dra Maria José Nogueira Pinto não podia suportar mais! Libertou-se do fato protector, deu um salto e...
Caíu abaixo da cama. Acabara-se mais um pesadelo...

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