quarta-feira, fevereiro 20, 2019

In ovo... novo ópio do povo?!!!



Ele anda por aí, dando-se em comunhão
nunca perde um banho de multidão,
sempre na corrente, sempre sorridente,
mergulhando no rio, no mar de gente,
sabe que é rei, rei anti-majestade
rei plebeu, coroa popularidade,
sente o carisma, o odor popular,
deste povo bipolar
que, na escala da emoção
não tem pé no travão
hoje é verão, amanhã é inverno,
tanto o põe no céu como no inferno
hoje, no altar, em sagrado pedestal,
amanhã, na lama, no ódio visceral,
algum deste povo néscio, volátil, vulnerável,
pelo ópio mediático  é manipulável;
a euforia é curta, pouco demora,
é o alcatruz da nora,
a lei da relatividade à moderação induz
hoje, no altar-mor, amanhã, na cruz;
o tempo o dirá, esse observador e juiz implacável
 torna o hoje imprescindível , no amanhã descartável,
o hoje deus refulgente, por todos venerado
no amanhã, mafarrico mal amado,
olhando o passado com atenção
há que agir no presente com moderação;
os ventos mudam com facilidade
hoje, só bonança, amanhã tempestade,
toda a vida é feita de mudança
o tempo é a água de um rio que avança
nós somos rios, mares de gente,
alguns (talvez mais lúcidos)( remando contra a corrente
outros (mais oportunistas), lá vão,  com sofreguidão,
ao sabor da corrente, comendo, da fama, a parca ração!

Ramos de Barros

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