Hoje em dia assiste-se a um enfeudamento calculista de alguns intelectuais ao poder dominante. é a lei da sobrevivência, tal como na política os deputados vergam a cerviz aos poderes paralelos que estão na génese da sua existência (a fronteira entre gratidão e corrupção é tão ténue...) também nos domínios da cultura isso se passa em grau mais ou menos evidente. Não há independência, não pode haver.
O clima de corrupção é tão óbvio que só quem não quer ver é que não vislumbra essa realidade.
Há medo, há o receio de retaliação por parte de alguns. Como é que eu posso criticar abertamente um corrupto se estou a receber prebendas dele? E essas prebendas podem assumir facetas diversas, como um lugar numa estação de rádio ou num canal de TV cabo, num jornal, numa revista, enfim, os pratos de lentilhas são multifacetados...
Compram-se escritores, jornalistas, até juizes... e padres feitos comissários partidários.
Já não falando nos casos mediáticos de todos conhecidos, mas de situações mais obscuras e pouco transparentes que vemos por aí. Há dias ao ler um livro de poesia reparei no preeâmbulo e fiquei elucidado.
Dizia-se que o autor era uma pessoa de afetos, afável, cortês, incapaz de assumir amarguras, dócil, enfim, um poeta-eunuco como se diz na gíria...
Era um politicamente grato, subserviente, andava daqui para ali a debitar elogios sabujos a quem fizera o favor de dedicar umas letrinhas. Gratidão, subserviência, sabujice?
Enfim, imagine-se um Eça de Queiroz ou um Camilo a portarem-se desta forma! Nunca, jamais!!!
O próprio Gil Vicente soube o que era sofrer por causa da sua independência. Morreu pobre e abandonado, tendo os seus próprios familiares, condicionados pelo poder político e religioso dominante, abandonado o seu ente querido. Por oportunismo e medo de sofrer retaliações também.
Pedagogo de excelência, zurziu nos padres e nos juizes nos vendilhões do templo da justiça e na nobreza com a acutilância de um verdadeiro combatente. Nunca se acomodou. Nunca abdicou da sátira salutar e do seu sentido de justiça. Deu o seu aval ao movimento regenerador encabeçado por Lutero e Calvino, com presenças em actos públicos em Amsterdão,; essa postura inovadora e regeneradora foi o seu calvário. Intelectuais afectos às ortodoxias denunciaram a sua postura "dissidente" e foi perseguido e vilipendiado.
Hoje vemos autores prendados e até com pedigree internacional a usarem pinças na análise aos casos de corrupção mais mediáticos. Pudera! Os prémios PT eram concedidos por corruptos, sendo na maior parte dos casos os dadores de prémios comissários políticos ou marionetas dóceis dos mecenas
. Alguém sabe quem foram os jornalistas contemplados com chorudos mensalões do BES?!!! Essas "avenças" foram ocultadas pois cairia o Carmo e a Trindade se se soubesse quem eram os servis contemplados com o óbulo do corruptor mor cá deste reino. Sabe-se que houve um ministro. um tal Pinho, porque o FBI o investigou, senão... Um tal, conhecido no jargão popular, como .DDT era mesmo o dono e continua a comprar silêncios, senão... a verdade já teria saltado cá para fora!!
As câmaras municipais quando escolhem os júris sabem o que fazem. houve até um presidente de câmara que chegou ao desplante de dizer que deveria haver uma postura de afecto em relação ao organismo a que presidia, no âmbito do trabalho cultural a ser subsidiano.
Poetas qqe mendigam apoios financeiros e outros aos políticos e aos empresários ligados à banca, à pesca, aos seguros, estão umbilicalmente capturados, a sua independência ou verticalidade é pura ficção. Dobrar a cerviz, ajoelhar é o que mais se vé por aí...
A corrupção esmaga tudo e todos e ai daquele que ousar enfrentar os lóbis, os barões, será esmagado pelos beneficiários, pelos lacaios, pelos sabujos que rastejam e bajulam os tenentes do poder com intuitos inconfessáveis.
A esses, a minha "homenagem"!
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