domingo, dezembro 30, 2007

A saga do Millenium: há que ter bom senso!


Quase cai o Carmo e a Trindade com a nomeação de um administrador da CGD para este Banco, como se fosse a colocação de um treinador de futebol num equipa adversa. Faz lembrar um pouco a chamada de Emídio Rangel (então na SIC) para a televisão pública (RTP).
Era o fim-do-mundo! Era uma conquista de efeitos quase milagrosos. Depois, foi o que se viu...
Enfim, dramas e mais dramas com questões de lana caprina. Querem insinuar que há tutela de uma instituição pelo poder político instalado, olvidando que são os sócios a decidir. Grita-se "aqui-d'el-rei" como se estivesse em perigo a democracia, a liberdade, a pátria!
Com a colocação de Faria de Oliveira no topo da CGD, aquietam-se alguns espíritos mais timoratos, apaziguam-se ânimos exaltados. Mas ainda há quem refira haver um "centrão" a controlar a banca.
Esse "centrão" controla não só a banca mas também a AR, o TC, e muito mais esferas do poder. A superestrutura jurídico-política está impregnada desse aroma que já vem manifestando a sua presença há longos anos. Culpa de quem?
De quem vota. Do povo que somos.
Contudo há que ter um pouco de bom senso. Nada de alarmismos infantis. O Millenium depois de passada esta fase de purificação (espera-se que no melhor sentido) há-de recuperar o fôlego e prosseguir a sua rota de sucesso. Há que limpar os porões, calafetar a nau com esmero, para que possa prosseguir rumo a porto seguro.
Que ninguém tenha dúvidas que há-de melhorar com a mudança. Oxalá também a CGD melhore com a nomeação de Faria de Oliveira, um homem sensato, prudente e suficientemente equilibrado para não criar rupturas ou descontinuidades periclitantes na gestão desta grande nau do sistema bancário. Que as ondas alterosas que ora se vão fazendo sentir não passam, estou seguro, de meras birras palacianas de ressabiados políticos. Há formas mais inteligentes de atacar o governo. Esta é pouco eficaz. Ele tem muito por onde ser beliscado. O mar encapelado está a ser agitado por ridículos Neptunos de papel!... E há tantos por esse país fora!

sábado, dezembro 29, 2007

Problemática da saúde e conjuntura económica.

Não é fácil o papel de quem supervisiona a saúde em Portugal. Dir-se-ia que a questão depressiva (no foro económico-financeiro) está instalada no sector da saúde. A racionalidade económica obriga a situações que geram mal-estar, desconforto, contestação social.

Será desnorte governativo, excesso de zelo, emagrecimento sem motivações?

É óbvio que todos reclamam reformas. Todos dizem que há despesismo no sector. O diagnóstico é unânime. Contudo a terapêutica sofre cada vez mais contestação. Já se vislumbra no horizonte eleitoral um trunfo para a oposição. Já há quem veja o governo derrubado só pela gestão da pasta da saúde.

Será coragem ou excesso, a atitude do ministro em mandar encerrar SAP's em determinadas localidades, obrigando os utentes a recorrerem a serviços distantes da sua residência, em horários difíceis, gerando descontentamento generalizado?

É difícil responder com rigor a estas interrogações. Os resultados falarão por si. Nas proximidades do acto eleitoral é que se saberá ao certo qual o impacto. Estes efeitos colaterais, naturais e legítimos, manter-se-ão ou cairão no olvido?

é óbfvio que quem governa deve ponderar todos os cenários. O desgaste, a erosão que estas medidas impopulares provocam, poderão ser classificados como reformismo necessário, como coragem de cortar a direito, como mal necessário...

Contudo há quem olhe com desconfiança para estas medidas, não veja articulação com mecanismos capazes de suprirem certas lacunas; deveria ser adoptada uma política integrada, globalizante, gerando proveitos económico-financeiros e não causando grandes abalos na confiança popular. A questão dos transportes é crucial.

Oxalá a situação de regularize para bem de todos (utentes e agentes directa ou indirectamente ligados ao sector-saúde), contribuindo para o reformismo salutar que se deseja.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Benazir Bhutto a Mulher vilipendiada!


A imagem da Mulher e da Democracia ficará para sempre! Benazir foi a personificação da coragem, do amor à liberdade, do amor ao povo faminto de democracia!
Que o mundo saiba colocá-la no lugar que merece. Que o seu martírio não tenha sido em vão...
Os talibans levaram a cabo os seus desígnios: assassinaram aquela que personificava a liberdade para a mulher e a própria democracia no Paquistão. Mártir na plena acepção do termo, a sua morte enlutou todos os corações amantes da paz e da liberdade. As teocracias aberrantes e totalitárias estão a mostrar a sua verdadeira face. O mundo tem que usar métodos diferentes para acabar com esta hedionda campanha. A guerra só por si é insuficiente. O combate tem que ser mais profundo, tem que ir ao âmago das coisas: na mente!
Há que ir à génese do problema e transformar esta perfídia, este ódio sangrento e aberrante; a humanidade tem que compreender que não é com bombas que se combate o bombismo!
Há que repensar o combate a este totalitarismo aberrante e monstruoso. Há que parar a besta.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

A Figura do Ano. Luiz Filipe Menezes



Eis a imagem do Estado, depois de expurgadas as gorduras supérfluas e ficar totalmente "desmantelado", como alvitra o Dr Menezes. Alguém discorda?!
Foi um furacão no ano de 2008. Arrasou tudo no PSD. Após um discurso hipervitimizador, conseguiu chamar a si as atenções generalizadas. Garantia não deixar Sócrates descansar. Atacaria ao pequeno almoço, ao almoço e ao jantar. Enfim, parece que não pretendia que o adversário se alimentasse. Agora, nova proposta: não deixará Sócrates dormir, no ano de 2008!
Enfim, estará omnipresente na vida do primeiro ministro!
No entanto, o facto é que tem mantido uma estranha ambivalência (na acepção psiquiátrica do termo, como é óbvio): mantém uma postura seguidista e pacificadora - quer acordos, quer plataformas de entendimento, quer pactos de regime - e, por outra via - quer «desmantelar o Estado», não deixar Sócrates dormir, ser um diabo à solta! - ficando o cidadão vulgar de Lineu sem saber o que quer realmente L.F.M.
Às 2ªs , 4ªs e 6ªs quer pactos, e, pelo contrário, âs 3ªs, 5ªs e sábados quer atacar o governo, derrubar Sócrates, desmantelar o Estado!
Enfim, querer e não querer ao mesmo tempo, cria tensões, leva ao desespero, marca a psique de qualquer humana criatura!...
O que almeja, enfim, o nóvel líder do PSD?
Na sua catarse populista afirma peremptoriamente que não é populista! E porquê?
Disse-o, e todos o levaram a sério: porque já leu Steinbeck e Hemingway!!!
Eu, se usasse terminologia idêntica, poderia afirmar que já li a Bíblia muitas vezes, que serei um profeta!... ou um doutor da Igreja!...
Enfim, o homem que abalou o país durante o ano de 2007 que traz de novo? Muito pouco, quase nada. Uma montanha que pariu um rato. Um « quase tudo que não representa nada», definição de Pessoa para um «mito»...
Já é tempo de se acabar com a teoria das panaceias redentoras. Nem é a estatização maximalista que traz o progresso, nem a privatização total que leva ao paraíso. Não, nada disso. O que é preciso é boa gestão. É racionalidade económica, é combate à corrupção, é respeito pelas regras democráticas e pelas leis. É o cerne do problema. Mas, infelizmente, quase todos os políticos esquecem esta realidade (Sócrates também).
Metam a mão na consciência e deixem-se de foguetórios verbalistas que não passam de meras demagogias da treta. O país precisa de homens sérios e não de demagogos de feira.

terça-feira, dezembro 25, 2007

CAXINAS...


A igreja-barco é também um ícone caxineiro.
O Senhor dos Navegantes, protector das gentes do mar...
Caxinas, terra mártir, terra mãe, dolente,
Viúva tão chorosa, deste mar refém,
Que, por vezes, traz morte, não é bom, clemente,
Mar raivoso, mar cão, mar sem perdão, também.
E quando a madrugada veste negro breu,
Quando o coração sangra, só angústia e dor
Todos sentem o luto como sendo seu,
Caxinas é também um coração, clamor.
Colmeia piscatória solidária e unida
Enfrentando sem medo temporais, a morte,
Nas horas de amargura, ganha fé na vida
Não cai no desespero, nunca perde o norte.
Epopeia salgada, a deste povo heróico,
Sangue, suor e lágrimas enchendo o mar
Páginas e mais páginas de esforço estóico
Na memória futura lá irão ficar.
Um farol de heroismo se levanta aqui,
Bastião de coragem sem limites, fé.
Imagem talismã de um povo crente em si
Que se orgulha de ser sempre o que foi, e é.
A modéstia no porte e no falar traduz
O perfil do carácter, condição moral,
O caxineiro sofre, mas transporta a cruz
Com dignidade altiva, robustez mental!

sábado, dezembro 22, 2007

Natal à beira-rio!...

«Vila do Conde espraiada...»
Tal como David Mourão Ferreira, tão olvidado hoje em dia, mas sempre presente
nos que admiram a sua poesia, também Régio nasceu à beira-rio. Será este o sortilégio dos verdadeiros poetas? Quem sabe?... em Vila do Conde há tantos e de tanta qualidade, dir-se-ia um viveiro...







Natal à beira-rio...


É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava no cais, à noite, iluminado.
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra,
Vem tu, Poesia, vem agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?



David Mourão Ferreira... Obra Poética (1948-1988)
Editorial Presença

sexta-feira, dezembro 21, 2007

A procissão de alguns "lobos" pacifistas...

O lobo alfa, vigilante e tutelar, não será símbolo da paz?!
Sim, mas para toda a alcateia que vive sob a sua protecção...




Alguns falam de paz, para inglês ver,
Andam constantemente a guerrear;
A capa imaculada é para dar
Ar de cordeiro ao lobo a esconder...



Camuflagem de polvo, calculista,
Duplicidade, artes de embusteiro.
Não é um pacifista verdadeiro
Quem vê na paz fogo de vista!



Usam os tribunais como bastão,
Censura ao pensamento, à liberdade,
Que fracos pacifistas eles são!



Percorrem, quais pavões, toda a cidade,
Hipocrisia a rodos, procissão
De mordomos, propensa à hilariedade!!!

sábado, dezembro 15, 2007

Natal de quem sofre...


Quantos excessos em gastos supérfluos poderiam minorar o sofrimento de tantas crianças?!
O despesismo excessivo de uns e... a miséria excessiva de outros...
O Natal reflecte bem
O prazer de partilhar
Pouco dá... quem pouco tem
Vê-se a crise no olhar.
Quando o desemprego grassa
Sopram ventos de pobreza
O Natal perdeu a graça
Anda no ar a tristeza.
E se a doença aparece
No amigo ou no vizinho
O beber nem apetece
E a culpa nem é do vinho...
Emigrantes e imigrantes
Consolam a solidão
No Natal só por instantes
Aquecem o coração.
No hospital ou prisão
O Natal também existe
E a dor tem o condão
De o tornar 'inda mais triste.
A crise sempre a crescer
O país tão deprimente
Querer dar e não poder
É sina de tanta gente.
As crianças sofrem mais
Quando na festa há tristeza
Dá pra sentir os seus ais
Quando o clima é de frieza...

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Tratado de Lisboa: Luz de realismo ao fundo do túnel da demagogia...







Os "amanhãs que cantam... " de novo a servirem de panaceias redentoras

de mentes obnubiladas pela demagogia e euforizadas artificialmente...













O Tratado de Lisboa, a tal magna carta que se pretende seja um sucedâneo de constituição, poderá ser um marco positivo ou negativo no relacionamento e na coordenação geopolítica na esfera europeia.

Um conglomerado de países, uma miscelânea de culturas, um concerto de nações mobilizadas para um caminhar colectivo na ânsia de vislumbrarem um futuro melhor para todos.

Será que as metas a almejar vão de encontro às expectativas criadas? Será que o futuro, longe do sonho doirado que foi prometido em discursos inflamados será um pesadelo para a grande maioria das populações?

Sem diabolizar nem sacralizar a Europa, há que fazer um apelo ao realismo e ao bom senso, e abordar com serenidade e sem preconceitos de índole ideológica a questão de fundo.

Vemos um desemprego, ainda que estancado - presume-se- , a ensombrar os horizontes de alguns segmentos da sociedade; observamos uma válvula de escape que tem sido providencial neste contexto de anemia geral - a emigração -, cada vez mais premente no quotidiano de várias famílias causticadas pela taxa de juro asfixiante; contemplamos com angústia a crise nas pescas, nos têxteis, na agricultura; ficamos preocupados com certo economicismo que subjaz à praxis governativa, gerando naturais descontentamentos, bem palpáveis nas áreas da educação, da saúde, da justiça; será para agravar ainda mais as já de si periclitantes condições de vida da maioria dos portugueses?

A interrogação é - deveria ser - o sentimento mais realista no momento presente.Não será ocasião para se repensar o modelo desenvolvimentista ora prosseguido, com os desencantadores resultados à vista? Há que reanalisar a questão de fundo, o paradigma sociopolítico até aqui predominante, há que corrigir as medidas subjacentes ao mau desempenho económico. Ou melhor, há que redesenhar o modelo para não penalizar ainda mais os mesmos, fazendo recaír sacrifícios sobre quem tem auferido chorudos proveitos com o actual sistema. Há quem aplauda com entusiasmo o actual status quo, pois tem retirado inegáveis proveitos com ele.

A banca, as grandes superfícies comerciais, telecomunicações, dentre outros, têm sorvido proveitos muito para além do expectável por outros sectores. Há até quem se interrogue se, em vez de estarem ao serviço da economia, no seu conceito mais elevado e socialmente desejável, se têm servido dessa mesma economia para a sugarem, pauperizando e levando à falência pequenos e médios empresários, lançando no desemprego e na miséria social largas franjas da população?

Ou seja: o bem de uns - uma minoria - não será a génese do mal de outros - grande maioria da população- perpetuando uma neofascização de um capitalismo catapultado pela mola neoliberal?

O enricamento brutal de uma pequena elite, que domina a superestrutura jurídicopolítica - vulgo sistema - é feito à custa da pauperização progressiva da maioria da população.

A corrupção vê-se e entra pelos olhos dentro. Bem prega Frei Tomás , sobretudo nas campanhas eleitorais e nos comícios eleiçoeiros a abarrotar de autómatos alienados pela euforia artificialmente criada, mas depois nada faz no sentido de corrigir os males denunciados. Todos criticam a corrupção no período ante-eleitoral. Depois, quem se senta na cadeira do poder - e seja quem for, há que denunciar o pecado - , põe todos os obstáculos para obstruír a marcha inexorável da corruptofilia que impera. Cavaco Silva bem fala - talvez por necessidade estratégica de calar alguns mais impacientes -mas o destinatário dos seus discursos nada faz nesse sentido - veja-se o atestado de subalternidade passado a Cravinho quando quis pôr o dedo nas feridas...

Será que a cassete vai continuar? A verberação da corrupção aquando na oposição e o nada fazer quando no poder? O prometer a regeneração quando em campanha e o meter na gaveta - debaixo do tapete? - quando no exercício do poder? Tudo indica que sim. Até que surja alguém, com vergonha na cara e carácter na alma, para corrigir os desmandos e a degenerescência reinante.


terça-feira, dezembro 11, 2007

Porto Vintage, será?!







A ALMA GIGANTE DE UMA CIDADE!
Alma granítica, forte
Cravo azul, na verdade,
Bastião livre do norte
Oh nobre invicta cidade.
O Majestic é requinte
O Piolho é popular
Um pintor que o Porto pinte
Isto não pode olvidar.
As águas do Douro cantam
Chico Fininho, talvez...
E todos 'inda se encantam
Co'o rock bem português.
Gande gala, o São João,
Toda a cidade desperta
Sempre que ganha o Dragão
são joão pela certa!
Porto vinho ou cidade
Que dupla sensacional
Portentosa qualidade
Ambos elevam o astral.
O Porto tem o seu fado
A História nos ensina
No porvir, globalizado,
O mundo inteiro fascina!
Respeito e veneração
Nos merece esta cidade
O progresso e a tradição
Se casam com majestade.
Na Ribeira, a gente boa
Alma a sangrar, dorida...
A voz do duque 'inda ecoa
A salvar mais uma vida...
E aquela esguia gaivota
Na Foz, do mar sempre à tona
Faz lembrar a Rosa Mota
A ganhar a maratona!
Porto, cidade tripeira,
Com carácter, com honor,
Nos Clérigos altaneira
Um presépio, só esplendor!

Cimeira histórica ou fogo de vista?!

O cidadão vulgar de Lineu interroga-se sobre os resultados palpáveis da cimeira de Lisboa. Será que sairá dali uma nova ordem internacional? Que novidades no tocante a alteração de violações de direitos humanos no continente africano (sobretudo Darfur e Zimbawe)?

Além das parcerias de índole económica (que estão em estudo e poderão ser implementadas no decurso de 2008), há toda uma parafernália de interesses que se poderão concretizar ou não tudo dependendo do acordos ulteriores. Enfim, deu-se um pontapé de saída. Mas o jogo continua...

No Zimbawe o prepotente e déspota Robert Mugabe continuará a urdir as suas tenebrosas teias
no sentido de amesquinhar a oposição interna e erradicar de vez a população branca eventualmente ali ainda radicada. A fascização cada vez maior do regime tenderá à sua eternização no poder. Ninguém tenha ilusões do contrário. As críticas de alguns governantes europeus (legítimas e fundamentadas) cairão em saco roto se não houver mecanismos de penalização do regime. A sua presença em Lisboa poderá até ser usada por ele como arma de propaganda política e surtir efeitos contrários aos pretendidos pelos seus opositores.

Enfim, a cimeira histórica teve facetas positivas, sem dúvidas. Mas também muito de aparato e folclore mediático sem exequibilidade prática na alteração do status quo existente.

Kadafi ficou ofendido com uma pergunta inocente. Ele, o "grande educador", o autoproclamado líder ideológico, a ser interpelado como se fosse o mau da fita? Mas que desaforo, que atrevimento, que ousadia, que falta de respeito pelo todo-poderoso senhor da Líbia...

Que muito do que ali se discutiu vai ficar em banho maria ninguém tenha dúvidas. A alegada "queda do colonialismo" é uma boutade digna de figurar numa antologia de anedotas...

domingo, dezembro 09, 2007

Cimeira de Lisboa: negócios vs direitos humanos.




África: fome, repressão, corrupção, injustiça social...
Darfur e Zimbawe duas feridas
que jamais se podem olvidar...
Ai Lisboa!, teu fado é só balelas
Na mente só negócios, vendilhões;
Ontem daí partiam caravelas
Hoje, vão repartindo só milhões...
De direitos humanos falais tanto,
Mas, de concreto, nada fazeis, não!
Darfur: horror, vexame ignóbil, pranto,
Um inferno dantesco, sem perdão...
Lisboa, não será hipocrisia
Esse fado europeu benemerente?!
De colonizar tens já nostalgia
Não quererás fazê-lo novamente?
África, só miséria e ditaduras
Musculadas com cheiro a corrupção;
Democracia a sério é o que procuras
Liberdade é a meta e grande opção!
Zimbawe, o racismo mais selvagem,
Xenofobia reles, lei da rolha;
O argumento da força é a imagem
De regime caduco... como a folha...
Sida, pobreza, fome, iniquidade!
África, negritude em expansão,
Não confies na cega caridade
Por vezes ela encobre exploração!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Homenagem à hombridade.


Após várias etapas ter vencido
Homérico estoicismo foi seu lema;
A todos disse adeus, dever cumprido!,
Da vida fez um hino, um poema!
Neste baile de máscaras da vida
Ele usou sempre a mesma: a verdade!
Lancetou a mentira apodrecida...
Paladino da honra e hombridade.
Sempre jovem no ser e no falar
Lá na alma da alma ... era um escuteiro,
No servir e no dar... sempre o primeiro!
Tive o grato prazer de partilhar
Magistério fecundo e verdadeiro
Humilde e solidário por inteiro!
NOTA: a minha singela e modestíssima homenagem ao padre Fonte (da Matriz da Póvoa de Varzim) com quem tive o privilégio de privar aquando da minha passagem pela Associação de Pais da Escola Dr Flávio Gonçalves (ao tempo em que presidia ao Conselho Directivo a Dra Odete Brioso Gomes - uma integérrima criatura, diga-se em abono da verdade).

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Al Capone anda por aí!...

Ao assistirmos a uma onda de criminalidade à rédea solta, sobretudo nos tempos mais recentes, os portugueses interrogam-se sobre as razões da ineficácia das autoridades no combate a este tipo de criminalidade organizada. Algo de novo começa a surgir. Vislumbra-se um novo Estado adentro do próprio Estado. Algo de tenebroso começa a mostrar a sua capacidade de intervenção e de ocultação, manifestando atrevimento e audácia inauditas.

Será que a noite anda sob o controlo de um novo Al Capone de feição lusa? Será que as autoridades receiam intervir com medo de ferir algum tentáculo mais sensível?

Em Itália só após a queda de Berlusconi os carabinieri tiveram coragem para prender o líder da máfia local. Algo de muito obscuro havia naquele universo de promiscuidades recíprocas. Algo de nebuloso há neste momento em certos meios . Receia-se que os mandantes sejam intocáveis acima de quaisquer suspeitas.

Algo vai podre no Reino da Lusitânia.

domingo, dezembro 02, 2007

Liberdade, Liberdade!


Liberdade querida e suspirada,
Que o despotismo acérrimo condena;
Liberdade, a meus olhos mais serena
Que o sereno clarão da madrugada!
Atende à minha voz, que geme e brada
Por ver-te, por gozar-te a face amena;
Liberdade gentil desterra a pena
Em que esta alma gentil jaz sepultada.
Vem, oh deusa imortal, vem, maravilha,
Vem, oh consolação da humanidade,
Cujo semblante mais que os astros brilha;
Vem, solta-me o grilhão da adversidade;
Dos céus descende, pois dos céus filha,
Mãe dos prazeres, doce Liberdade!
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Nota: Há tantos anos escrito este soneto, mas nunca perde actualidade. Quando vemos a liberdade de expressão ser coarctada de forma repressiva e despótica por recursos abusivos e fastidiosos a tribunais (nova forma de censura, às vezes necessária, como é óbvio, mas em certos casos, apenas um chicote para castigar e achincalhar na praça pública quem faz oposição), quando assistimos a tratamentos desiguais da parte da justiça de classe que está instalada entre nós, há que recordar Bocage e zurzir nos que usam o poder económico (e político) para se imporem.
A justiça de classe é a vergasta mesquinha usada pelo ricaço para ofender o menos afortunado em termos económicos. A imprensa, a TV (veja-se o vergonhoso caso José Rodrigues dos Santos) e a rádio, estão ao serviço do poder (económico e político) dominante.
A maior parte dos jornais locais estão enfeudados. Poucos são isentos ou independentes. A lei da rolha impera. A genuflexão ao poder imperante é notória.
Bocage, o intemporal bardo sadino, continua actual, está sempre na moda.

quinta-feira, novembro 29, 2007

O Turismo, esse potencial oculto à espera de alguém...


Portugal de hoje é diferente do de há trinta anos. A agricultura e a pesca (sector primário) vão dando lugar aos serviços e à indústria. O comércio precisa de molas propulsoras, de motores de arranque, de alavancas.
O primeiro-ministro prometeu em campanha eleitoral dinamizar o mercado de trabalho, insuflar ventos de modernidade no tecido económico empresarial, colocar Portugal nos primeiros lugares do ranking europeu. Há aspectos positivos na actual governação que importa enaltecer. Mas existem fortes constrangimentos ao desenvolvimento que importa denunciar.
Neste momento, se não fosse o "êxodo" macisso de trabalhadorres para a estranja (sobretudo Espanha) o desemprego seria maior. Mas importa acautelar o futuro e potenciar novas oportunidades.
Vem este intróito a propósito do turismo. Pode ser a nossa galinha dos ovos de ouro. Temos sol e mar em profusão; um clima ameno e pouco agreste na maior parte do ano. Por que não aproveitar esse potencial e incrementar ainda mais o turismo? Somos da Europa o país mais tranquilo, menos exposto a grande criminalidade. Temos paisagens fabulosas: Açores, Madeira, Minho, litoral cheio de belas praias, uma serra da Estrela lindíssima, por quê adiar ainda mais a aposta forte neste sector?
Portugal poderia ser a casa de férias da Europa se houvesse uma criteriosa aposta neste domínio. Há mercados riquíssimos (sobretudo a norte e centro europeu) onde faz falta marcar presença e conquistar para que possamos ter ainda mais atractividade.
O golfe é, de longe, um dos pólos ainda não explorados devidamente. Vocacionado para todas as idades mas tendo em conta a sua idiossincrasia própria, mais virado para um turismo de qualidade e para um mercado-alvo bem típico e com poder aquisitivo acima da média, é uma aposta que se impõe.
Quando a Europa nos impõe quotas na agricultura, na pesca, eu sei lá... era bom aproveitar certos campos para actividades de outra índole. Certos fundamentalismos terão de ser mais flexíveis face às carências de emprego e de animação comercial em certos meios. Há que erradicar conceitos ultrapassados e começar a trilhar caminhos mais consentâneos com o novo mundo que se vislumbra no horizonte deste milénio. O ócio e o lazer são cada vez mais um nicho de mercado a potenciar; o turismo de terceira idade e de juventude, outros vectores em expansão e a concitarem uma atenção mais firme e mais arrojada.
Há que apostar forte no turismo e seus derivados pois poderão ser as tais alavancas para colocar Portugal no topo. A construção civil e segmentos a jusante e a montante estão à espera de uma governação mais dinâmica, mais visionária, mais amiga do futuro.
Será que a Europa quer impôr aos nossos governantes "quotas" na coragem, na imaginação, no espírito de iniciativa, na ânsia desenvolvimentista, no rasgar de horizontes?!

quarta-feira, novembro 28, 2007

PORTUGAL, QUE FUTURO?

A interrogação é cada vez mais pertinente. O país, assolado por uma crise imensa e multisectorial de contornos cada vez mais sombrios, pergunta a si próprio se terá valido a pena a integração no espaço europeu.
De facto o caso não é para menos. O desemprego disparando, a economia estagnada (embora leves sintomas de recuperação se vislumbrem), a esperança cada vez mais adiada.
A pretendida adesão da Turquia não será mais uma machadada no periclitante equilíbrio existente?

O problema é global. A terapêutica terá que ser tomada à escala global. O preço do petróleo, as taxas de juros elevadas, o clima de beligerância permanente na região do médio Oriente e limítrofes não é propício ao progresso sustentado. Nuvens cada vez mais negras no horizonte.

Será que outro governo, com outra dinâmica poderia fazer melhor?

Tem-se visto uma concentração abrupta de serviços com intuitos economicistas e sequelas negativas ao nível da qualidade desses mesmos serviços. Viu-se no governo de Santana Lopes uma ridícula tentativa de desconcentração e descentralização (mais ao nível folclórico, como aqueles conselhos de ministros no barco- Escola Sagres ou sectretarias de estado polvilhadas por diversos recantos...), contudo nem tanto ao mar nem tanto à terra...

Há que adoptar uma postura mais sensata e virada para o pragmatismo sim, mas sem exageros patológicos...

O país anda a precisar de uma viragem no estilo da governação. Remodelar talvez não seja uma panaceia mas poderá trazer alguma nova luz. Há muita sombra nesta governação...

Esta Europa precisa de um volte-face. Há que mudar o rumo enquanto é tempo...

terça-feira, novembro 27, 2007

Défice é quem mais ordena!... Porra!

Défice é quem mais ordena
Do progresso é um travão
Temos toda a Europa à perna
Mais parece uma obsessão.

Economicismo é rei,
Rei bem feroz, rei bem duro;
Apertar o cinto é lei
Até ao último furo.

Concentrações são opções
Macrocefalia atroz...
Muro de lamentações
Este país, todos nós.


O Zé o défice paga
Nem sequer pode bufar...
Alguém rogou uma praga
E a gente tem que gramar...

Há que dar volta por cima
Na crise dar pontapé
Portugal então se anima
E começa a ganhar pé.

Concentrar os hospitais,
Maternidades, prisões,
Escolas e tribunais,
Pra se poupar uns tostões.

O governo concentrado
Neste galope de acções
Pode ser sodomizado
Por corruptos garanhões!...

domingo, novembro 25, 2007

«O desenho redondo do teu seio...»



O desenho redondo do teu seio
Tornava-te mais cálida mais nua
Quando eu pensava nele... imaginei-o
À beira-mar, à noite, havendo lua...


Talvez a espuma, vindo, conseguisse
Ornar-te o busto de uma renda leve
E a lua, ao ver-te nua, descobrisse
Em ti, a branca irmã que nunca teve...


Pelo que no teu colo há de suspenso,
Te supunham as ondas, uma delas...
Todo o teu corpo, iluminado, tenso,
Era um convite lúcido às estrelas.


Imagino-te assim à beira-mar
Só porque o nosso quarto era tão estreito...
E, sonolento, deixo-me afogar
No desenho redondo do teu peito.



DAVID MOURÃO FERREIRA

sábado, novembro 24, 2007

SONETO A UM PESTICIDA...

Eufemismos, metáforas, é pouco,
Há que falar verdade abertamente:
Na Madeira há um défice, obviamente,
Moral e mental. Anda tudo louco.


No jardim plutocrata há daninhas
Ervas a erradicar com muita urgência.
Cheiro corruptor, odor prepotência,
Ervas tão mal-cheirosas, tão fraquinhas.


Há que usar pesticida com cuidado,
Que preserve o que é bom, fique intocado
Tudo o que dá aroma democrático.


Vai ser usado um, marca «morgado»,
Dizem que ataca o fungo cleptocrático
Deixando o ar... mais puro e aromático!...

sexta-feira, novembro 23, 2007

AQUI D'EL-REI!!! ANDA NAPOLEÃO NA COSTA!!!

A visão messiânica já tem,
Quer ficar no poder eternamente...
Herdeiro de Fidel Castro também
Se propõe ser, e di-lo abertamente.


Outro Napoleão no horizonte?!
Há que alertar o mundo, sem temor,
De conflitualidade vai ser fonte
Tem os tiques de um vero ditador.


Censura, corrupção e nepotismo
A mistura explosiva conducente
Ao mal conceituado caudilhismo
Onde o arbítrio campeia impunemente.


No discurso patético só há
Arrogância, vazio bem profundo,
Porta-se qual sultão ou marajá
Quer ser dono de tudo... lá no fundo.


Ser dono da verdade universal
Da América Latina ser a voz...
Verborreia paupérrima, boçal,
Enfim, o populismo mais atroz.

quinta-feira, novembro 22, 2007

PEDANTE POETASTRO...

Com o mestrado ainda ficou pior...



Uns termos rebuscados vai catando
No afã bem pedante de inovar,
Neologismos fúteis vai cagando
Odeia o vulgo, o zé, o popular...

Camões, Pessoa, gente ultrapassada,
Sem o seu rasgo, néscias criaturas!
Triste poesia, à rima aprisionada;
Emerge do pó, voga nas alturas...


Julga-se um génio, pensa que é guru,
Suprassumo, das letras majestade...
Talvez um pontapé forte no cu
O fizesse caír na realidade!...

Sempre a invocar currículos sem conta,
Sempre em bicos de pés, só pesporrência.
Diz que é moda. Só ele a sabe e aponta.
Julga-se rei. Talvez rei da indigência.

A ânsia de inovar é doentia.
Busca palavras como um cão pisteiro,
Exibe, depois, com rara euforia
Como se fosse... agulha do palheiro...

Quanto mais rebuscada a linguagem
E menos entendível pela gente,
Melhor. Mais refinada fica a imagem
Do pedante, luzeiro refulgente!

Anda por aí!, ar de majestade...
Carregado de livros, bem o sei,
No trono sim, talvez da hilariedade!
Dele e pra ele... sempre cagarei.

terça-feira, novembro 20, 2007

Guerra Junqueiro, a sátira intemporal...

A bênção da locomotiva...
A obra está completa. A máquina flameja,
Desenrolando o fumo em ondas pelo ar.
Mas, antes de partir, mandem chamar a Igreja,
Que é preciso que um bispo a venha baptizar.
Como ela é, concerteza o fruto de Caim,
A filha da razão, da independência humana,
Botem-lhe na fornalha uns trechos em latim
E convertam-na à fé católica romana.
Devem nela existir diabólicos pecados
Porque é filha de cobre e ferro; e estes metais
Saem da natureza, ímpios, excomungados,
Como saímos nós dos ventres maternais.
Vamos esconjurai-lhes o demo que ela encerra,
Extraí a heresia ao aço lampejante!
Ela acaba de vir das forjas de Inglaterra,
E há-de ser concerteza um pouco protestante!
Para que o monstro corra em férvido galope
Como um sonho febril, um doido turbilhão
Além do maquinista é necessário o hissope
E muita teologia... alé de algum carvão.
Atirem-lhe uma hóstia à boca fumarenta
Preguem-lhe alguns sermões, ensinem-lhe a rezar,
E levem na caldeira um jarro de água benta
Que com água do céu talvez não possa andar.
Guerra Junqueiro

segunda-feira, novembro 19, 2007

valter hugo mae - Prémio José Saramago 2007


Graças ao seu romance « o remorso de baltazar serapião» publicado em 2006 (Edições Quidnovi) este escritor venceu o prémio José Saramago.
Obra de fôlego, uma metáfora original onde se procura anatematizar certo machismo lusitano de contornos medievais, o escritor procura centrar-se numa Idade Média onde a miséria e o subdesenvolvimento são os pais de comportamentos aviltantes sobre a mulher; utiliza uma linguagem inovadora e prenhe de terminologias adequadas ao contexto temporal então vigente, zurzindo no machismo lusitano sem dó nem piedade.
Para alguns leigos poderá ser um livro pouco tragável, mas, para quem tem um mínimo de conhecimentos sobre a problemática literária, é uma obra recheada de imagens um tanto ao quanto metafóricas, quiçá hiperbólicas, mas imbuída de uma criatividade fecunda dando uma imagem poética (embora em prosa) sobre uma época onde imperava a bruxaria e o temor pelas coisas do Além. A violência sobre as mulheres adentro do universo familiar e no contexto medieval (com senhores e vassalos...) está bem retratada e as cores mórbidas sobressaem com eloquência.
Este pintor de paisagens humanas usa tintas sombrias em dosagens suficientemente fortes e ousadas para atingir um único desiderato: denunciar a prepotência sobre a mulher, ao longo de um período histórico demarcado, mas que, ainda hoje (embora em graus bem menos acentuados), tem sido um denominador comum nesta lusitana terrinha, de brandos costumes e de odiosas perseguições.
Não merecerá o agrado geral, é óbvio, mas tem aquele toque de singularidade que faz a diferença. Não houve favor na atribuição do galardão, houve, isso sim, reconhecimento pelo cunho inovador. Inovar não é tudo, mas é um caminho que poderá merecer contestação, muito embora só a coragem para o trilhar já mereça encómios.
Parabéns, e que o futuro seja uma lufada de ar puro no cinzentismo em que estamos mergulhados.

domingo, novembro 18, 2007

LIBERDADE


Cividade de Terroso (Póvoa de Varzim)
Na civilização castreja para manter a liberdade os povos optavam por locais altaneiros.
Agora, para se manter a liberdade é preciso carácter altaneiro...
Como é falso o unanimismo
Tem no medo um cobertor
Às vezes, o carneirismo
Reflecte o... medo ao pastor...
Contra o vento e a maré
Há que manter sempre o norte
Ceder ao medo não é
Solução de quem é forte.
Oh! vento da liberdade
As asas ninguém te corta
Voa sempre co'a verdade
Ser livre é o que mais importa...
Não há machado que corte
A raiz à liberdade
Ser livre é manter um norte
Não ceder à indignidade.
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não!
Mesmo isolado persiste
Em manter a convicção!

sábado, novembro 17, 2007

As Divinas Camélias da Junqueira!



O viço da natureza
Às camélias dá fulgor
Jóias de rara beleza
Orgulho do Criador!
Do Japão embaixatrizes
Do amor fadas madrinhas
Ao sol sorriem, felizes,
No inverno são rainhas!
Nesta vida tão sem graça
Polvilhada de amargura
Esta beleza perpassa
E nos afoga em ternura!
Oh!, camélias da Junqueira
Do céu sois doce cantinho
Ao morrer, sede bandeira
Convosco não vou sozinho!...
NOTA: Dedicada ao senhor Paulino Curval, esse homem de rara sensibilidade, que consegue falar com estes seres vivos maravilhosos, que nos falam de coisas tão lindas, como Paz e Amor, embora nem sempre nós não tentemos compreendê-las...

sexta-feira, novembro 16, 2007

Energia eólica: opção de futuro.


Energia eólica é uma aposta certa no panoramo energético.
Tem sido apanágio desta governação a aposta nas energias renováveis. Ora, quer a energia eólica, quer a solar, são opções muito válidas e com vantagens apreciáveis no actual contexto em que o preço do petróleo sobe a fasquia até aos cem dólares/barril. A própria opção no sentido de serem criadas dez novas barragens é também de enaltecer e louvar. É o caminhar de forma decisiva num trilho futurista que tem a virtualidade de ser mais "limpo" do que o actual.
Com a problemática ambiental como pano de fundo, há que envidar esforços no sentido de dotar o país de um parque energético capaz, diminuindo a nossa dependência face ao exterior e contribuindo para atenuar os malefícios da libertação de CO2, no caso do petróleo e afins
É com pequenos passos que se vai caminhando para o grande salto para o futuro. Oxalá esta motivação continue e os resultados apareçam.

Honra Nacional em causa.



Há em Inglaterra um autêntico vendaval contra Portugal e as instituições portuguesas. Foi há tempos o jornal Daily Mirror a insultar o embaixador de Portugal no Reino Unido, acusando-o de tudo e mais alguma coisa, indo ao ponto de mandar "calar a boca porca de comedor de sardinhas"!, numa alusão incrível aos nossos tradicionais hábitos alimentares...
Agora vem um deputado europeu denegrir as nossas instituições. É verdade que nem tudo é perfeito. Há entorses ao funcionamento do sistema. Nós sabemos que o é.
Contudo esta acusação (ou melhor, série de acusações) têm todo o aspecto de terem sido "encomendadas" por alguém. Tudo tem como pano de fundo o caso McCann. Sabemos que algo de perturbante pode estar oculto e ferirá de morte a credibilidade deste simpático (?) casal...
Perante esta campanha era útil que o senhor presidente da República tivesse uma intervenção. É Portugal que está em causa. É o orgulho português que está ferido.
O seu silencio poderá ser ensurdecedor. Calar pode significar consentir!
Era bom que o advogado português que lidera a Ordem dos Advogados e tem como clientes os Mc Cann também dissesse de sua justiça. Não é um advogado qualquer. É o Responsável-mor pela Ordem dos Advogados Portugueses. O seu silêncio poderá ter conotações pejorativas. Há silêncios que fazem imenso ruído...

quarta-feira, novembro 14, 2007

Populismo: a face patológica do fenómeno.


O populismo será uma doença?! Qual a patogénese?!
Ao longo da História temos assistido a casos aberrantes em que políticos inicialmente tidos por democratas (e grangeando votos em catadupa), degeneram a passam a assumir comportamentos de um hegemonismo patológico, muito embora sempre camuflados por motivações altruístas.
É o presidente de câmara que quer dominar todas as freguesias custe o que custar. É o líder regional que visa ser presidente de República, é o presidente de República que quer dominar o espaço continental onde está inserido.
Aqui chegados analisemos o comportamento de Hugo Chavez à luz de uma clarividência e de um realismo desprovidos de conotações ideológicas. Ele assume-se como herdeiro de Fidel na luta contra o americanismo exacerbado de Bush; só por isso grangeou muita simpatia pois Bush meteu os americanos num atoleiro diabólico e a reputação dele e das suas forças armadas caíram a pique. Está com a cotação a níveis baixíssimos...
Mas agora a degenerescência deste populismo ( de Hugo Chavez) é óbvia: quer contornar obstáculos burocráticos para se eternizar no poder, estilo monarca; assume posturas de um protagonismo excessivo com intuitos provocatórios para colher dividendos mediáticos; visa um notório espírito de hegemonismo pan-americano sob a capa da autoproclamada herança castrista. É uma nova forma de messianismo com ingredientes multifacetados...
O gérmen do nazismo anda no ar. Os seus amplexos ao líder igualmente populista-fundamentalista como é o do Irão, não são bom augúrio para a humanidade. Estes dois pólos são altamente incandescentes. Aqui há um notório caldo de cultura belicista muito embora sob uma roupagem de vitimização (face aos excessos também óbvios do bushismo...) que deixam vislumbrar certa preocupação por capítulos futuros...
O mundo precisa de se cuidar. Há fenómenos que logo in ovo devem ser denunciados e combatidos com a necessária clarividência. Os hitlers (grandes ou pequenos) têm na sua génese muita aparente legitimidade que serve de capa ao seu modus operandi. Há que estar atento e seguir estas duas personagens como os astrónomos seguem os meteoros cujá órbita gravitacional poderá dar azo a colisão com o planeta. A similitude é óbvia...

Descolonização "exemplar" e... colonização "exemplar"!


Uma guerra é uma forma de cultura. É a política no seu desespero. Apela à ignorância e ao desprezo pelo pensar.
A série televisiva que Joaquim Furtado apresentou (vem apresentando) é deveras impressionante e mostra à saciedade os dois lados da barricada: o lado do colonizador e o lado do colonizado....
Quem não presenciou o teatro de guerra não pode imaginar sequer todo o pano de fundo em que se desenrolou o conflito(guerra da libertação para "eles" e guerra colonial para "nós"...). Há todo um contexto histórico que deve ser colocado a quem faz esta análise. A história do passado africano cheio de abusos e de explorações. A história de um auxílio internacional, inserido num contexto de "internacionalismo proletário" então vigente na ex-União Soviética, visando a libertação de povos vítimas de colonialismo. O papel duplo e oportunista dos americanos neste cenário de hipocrisia.
A série está bem montada e mostra com frieza as partes em confronto. Os casos de "heróis" como Marcelino da Mata, Mamadu Baldé (africanos que deram tudo pelo "nosso" lado...) são dignos de ponderação profunda. O caso de Robles, um "heró" nosso, que ultrapassou todos os limites da decência, também é digno de realce. O massacre de Wyriamu (em Moçambique, sob a tutela do então general Kaulza de Arriaga) é algo de aberrante e talvez uma das causas do comportamento bárbaro dos indígenas contra as populações europeias.
O tema daria pano para mangas. As atitudes mais indignas perpetradas por alguns de "nós" eram abençoadas pelo poder vigente. Quem tecesse algum comentário, por ligeiro que fosse, era
logo apodado de falta de adaptação, de "loucura", de falta de "senso". Aqueles que despudorada e de forma desumana violavam a convenção de Genebra eram enaltecidos e condecorados para servirem como exemplo. Uma guerra sem um resquício de dignidade, sem uma plataforma de racionalidade, sem perspectiva histórica da parte do poder vigente.
Paralelamente a este arbítrio e a esta falta de princípios havia o interesse economicista de uma elite, colada ao poder, manipulando os órgãos de comunicação social e os intelectuais mais proeminentes conduzindo para um abismo irreversível um conflito que poderia ter outra condução, outro desenlace.
Ocorre-me sempre recordar o papel de Manuel Alegre.
E porquê?
Tal como hoje, mantém uma postura serena e altiva, não abdicando de princípios, não hipotecando a honra a razões eleitoralistas ou de mediatismo oportunistico. Ele tinha uma visão histórica sensata, inteligente e útil para ambas as partes. Ele queria evitar o cenário que desembocou no massacre e na guerra fratricida. Foi vilipendiado, ultrajado, acusado de tudo e de mais alguma coisa. Quem se revia nos seus conceitos (independentemente de agir ou não) era considerado "cobarde" ou "louco" pelos autênticos "loucos" que geriam de forma leviana e estulta o teatro das operações.
Os "heróis" de então (Robles & Companhia) eram o paradigma moral por excelência, o suprasumo, a excelsa virtude. Pensar por outro diapasão era "crime", era "alienação", era "tolice". Mas houve quem conseguisse continuar na crista da onda, mesmo depois do 25 de Abril entrando furtivamente no autocarro do poder. Autênticos criminosos viraram "heróis de Abril"!Desses, a reportagem de Joaquimn Furtado não fala... mas devia fazê-lo...

terça-feira, novembro 13, 2007

O fim-do-mundo em S. Bento!




O Sr Governo e D. Oposição esgrimindo argumentos .
Em causa o Orçamento de Estado.
Sr Governo - A D. Oposição fique sabendo que este orçamento é credível, rigoroso e mais ainda: virtuoso! Cresce a receita por efeito das exportações e diminui a despesa por contenção de gastos sumptuários e cortes cirúrgicos por força da racionalidade económica!
D. Oposição - Tudo tretas Sr Governo. Vai ser mais um ano de sacrifícios para os mesmos de sempre. Vocês têm a obsessão do défice, procuram ser escravos de Bruxelas e não se preocupam com o povo real que sofre. O Orçamento é restritivo, não dá origem a desenvolvimento económico sustentado, vai contribuír ainda mais para a engorda dos grandes potentados económicos e o emagrecimento do povo.
Sr Governo - Engana-se redondamente D. Oposição! emagrecer o Estado é saudável, permitirá usar esssas gorduras supérfluas para satisfazer as necessiadades dos mais carenciados. O Estado gordo era no vosso tempo, para satisfazer grupos económicos e empresas por vós protegidas. Então o Estado estava ao serviço de uma minoria contra a grande maioria do povo.
D. Oposição - O Estado vai emagrecer sim, mas para engordar os grupos económicos que vos são afectos, é o que é. Já vemos empresas municipais a sacarem das câmaras para entregarem a amigalhaços. Emagrece num lado e engorda no outro. Sistema de vasos comunicantes...
Sr Governo - Engordar num lado e emagrecer no outro faz lembrar aquelas senhoras que fazem lipoaspiração na barriga e nas nádegas e colocam esses excedentes no busto... Será uma autocrítica essa pretensa crítica que a D. Oposição está a fazer ao nosso governo?!
D. Oposição - Não ria senhor primeiro-ministro pois já tenho uma aqui para si. Ao ver essas receitas orçamentais tão empoladas eu pergunto a mim própria com que recursos é que irão crescer? Será que irá recorrer ao viagra?!
Sr Governo - Está a falar a voz da experiência. Quando lá em casa falta algo, a senhora D. Oposição é que toma a iniciativa de comprar o produto ou é o seu consorte?!
D. Oposição - Não me falte ao respeito sr Governo. Responda às perguntas com objectividade. Não responda com novas perguntas. Diga-me como vai conter tanto as despesas que estão notoriamente subavaliadas?
Sr Governo - Nós maximalizamos os proveitos à custa de uma política de incentivos ao desenvolvimento económico sustentado, criando benefícios fiscais e dotando o tecido económico-empresarial de mecanismos de agilização capazes de potenciarem sinergias positivas que serão o verdadeiro embrião do progresso. Por outro lado minimizaremos os custos graças a uma política séria e credível na contenção de despesas sumptuárias e de racionalização de circuitos gerando poupanças que serão canalizadas para reinvestimentos produtivos.
D. Oposição - Tudo tretas senhor primeiro-ministro. O senhor prometeu mundos e fundos em campanha e agora faz o inverso. Isto é traição, é defraudar as expectativas do nosso povo. Não acredito novamente nas suas piedosas intenções. Delas dizem que está o inferno cheio.
Sr Governo - Não sei se há inferno, mas se houver estará lá toda a oposição. Eu prometi algo que me pareceu verosímil face ao clima de oásis que o governo de então aparentava. Contudo quando lá cheguei encontrei o deserto puro e duro e não o tal oásis que o governo de então dizia existir... tive que adequar a minha prática à realidade existente!
Enfim, esta cassete é sempre a mesma! o diálogo acima é ficção mas pretende retratar um discurso estereotipado que só serve para encher o olho a papalvos. Há que tirar ilações e olhar com atenção para os problemas de fundo.
Qualquer dia apresento uma nova personagem: D. Demagogia! ela continua firme e hirta no seu posto. Existe no governo e na oposição! até quando? Até que o coeficiente cultural do povo o deixe de permitir e/ou tolerar. É esse o nó górdio da questão!

segunda-feira, novembro 12, 2007

Quando o Rei fazia anos!...


Dizem que D. Sebastião ainda está vivo! Talvez o encontre nalguma esquina da rua em manhã de nevoeiro... ou no café perto de si...
Quando o Rei fazia anos
ia a plebe ao beija-mão
debutantes e decanos
com presentinho à feição
sorridentes e simplórios
vergando a cerviz ao Rei
rituais tão vexatórios
medievais, eu bem sei
a vaidade de querer
exibir a toda a grei
a coroa do poder
enfim, pura ostentação
da monarquia reinante
pífia manifestação
vácua mas espampanante
oca e fútil para a gente
farta de ser ultrajada
pelo Rei omnipotente
mas agora embriagada
pela zurrapa real
batia palmas, coitada
e sorria, bestial
não fosse ser açoitada
pela guarda imperial
vendo nalgum descontente
perigo potencial
de insurreição iminente...
Entretanto....
Há um reisinho a mandar
muito fero, tiranete...
e quem à festa faltar
pode tirar-lhe o... tapete!

domingo, novembro 11, 2007

Cântico dos Cânticos!


Os rostos visíveis da Santa Aliança na Madeira...
Nós somos felicidade...
e nos cobre o mesmo manto
chamado cumplicidade
o país olha com espanto
esta nossa ligação
este longo casamento
cimentado na ambição
crescendo como fermento
num amplexo permanente
e com trocas "afectivas"
à vista de toda a gente
com metas bem selectivas
numa troca de favores
à margem das próprias leis
que narcotiza eleitores
e os mantém sempre fiéis
a esta sacra aliança
que tende à eternização
qual mar de eterna bonança
de fácil navegação
pra piratas mercenários
corsários do caciquismo
branqueadores salafrários
midas do novo-riquismo
controlando o pobre Zé
com o ópio futebol
pipas de massa e de fé
nas barbas deste rei-sol
que se agarra à autonomia
como um luzeiro, um farol
que entontece e alumia
esta escravizada mole...

UTILIZADOR-PAGADOR - Querem fazer do pescador um idiota!


José Festas é o intrépido porta-estandarte de uma classe ferida no seu orgulho...

O pescador é talvez o mais explorado trabalhador deste país. Querem fazer dele um idiota ao obrigá-lo a pagar o próprio socorro no alto mar!...
O princípio do utilizador-pagador está omnipresente! Já basta de economicismo bacoco!
Qualquer dia o pescador (e todos nós, certamente) terá que pagar o ar que respira!
Pra pior já basta assim!!!
Pescador que andas no mar
É só economicismo!
Tudo terás que pagar
Mesmo o simples socorrismo!
A tua vida não presta
O Estado sempre a sacar
Afinal... o que te resta
É ... pagar e não bufar!...
Querem ver-te sem tostão
Asfixia financeira
Não tens outra solução:
Levam-te a alma... e carteira!...
É sempre a sacar, sacar...
Nova angústia já te espera:
Terás que pagar o ar...
Que respiras... da atmosfera!!!

Deus envia novo Salvador!


GAIVOTA QUE ANDAS NO CAIS...
(FADO ANTI-POLUIÇÃO)
Gaivota que andas no cais
À procura de comida
A vida é dura demais
Toma cuidado, se não vais
Comer peixe... e pesticida...
A água tem salmonelas
Os efluentes fecais
Não são meras bagatelas
Coisas más, é fugir delas
Por vezes... mesmo letais!
Gaivota que andas no cais
Toma cautela, cuidado,
Estes pecados mortais
São armadilhas fatais
O cais anda envenenado...
O homem, ser poluidor...
O planeta vai matar
Consta que Deus-Criador
Vai mandar um Salvador
À Terra para a salvar!
Gaivota que andas no cais
Tu sabes que o homem-réu
Conspurca cada vez mais
Tem cuidado, se não vais
Pescar nas... águas do céu!...

sábado, novembro 10, 2007

AMORIM: gente e terra de eleição!

Em Amorim a terra e as gentes merecem palmas!...









Gentes e terras são
Entidades respeitáveis
Temos consideração
Por gentes que são notáveis
Por que não igual respeito
Por certas localidades?!
Elas merecem-nos preito
Há certas afinidades
Que nos merecem dar palmas
Ambas têm os seus carismas
Seus egos, as suas almas,
Iguais ópticas e prismas
Servem para analisar
As terras... também pessoas...
Podemos classificar
Terras más e terras boas
Pessoas boas e más
Sempre assim contemplaremos
Gente de guerra e de paz
Em todo o lado teremos...
Ao falarmos de Amorim
Junta-se um raro condão:
É raro ver coisa assim,
Gente e terra... de eleição!


BEIRIZ: o «mar» da polémica...


Os tapetes de Beiriz, autêntico «ex-libris» da terra...

«Mar de Beiriz», que surpresa!?

A polémica no ar...

Mar é mar, é concerteza,

A dúvida é pra ficar...

Beiriz progrediu imenso

Nem sempre com qualidade

Podia ser melhor, penso,

Com mais autenticidade!

Tapetes já foram glória

Desta terra embaixadores...

Beiriz no mapa, na história,

Procura novos actores!...

No «Mar de Beiriz» há ventos

De certa contradição:

Temos que estar bem atentos

Cuidar da navegação!

Quando o vento é de mudança

Ao leme dar atenção

O povo renova a esperança

Quando o vento é de feição.

Beiriz tem potencial

Pra nevegar noutras águas...

Às vezes... o grande mal

É fartar de carpir mágoas!...



BALAZAR: terra adorável!



Balazar, vai mais Além...
Tem pujança e altivez
Terra de santa, também
Dizem... que em breve... talvez...


Seus varões assinalados
Gente de estirpe, linhagem,
Ínclitos antepassados
Testemunhos de coragem.


Na encruzilhada da História
Aqui se dignou nascer
Gente de boa memória
Gente de um só parecer.


Balazar tem ADN
Na alma, um nobre brasão
Receber com ar solene
Sem olhar à condição...


Pobre ou rico aqui terá
Tratamento singular
Discriminação não há
Igualdade é lapidar!


Aqui mora boa gente,
Com perfil incontornável
Um povo bem diligente
Que torna a terra adorável!...