sexta-feira, julho 17, 2020

Deus , Pátria & Família...

 Em nome de Deus se cometeram crimes hediondos, ao longo dos tempos. Invocando os desígnios do Altíssimo, apropriando-se de obscuros interesses, tantas e tantas vezes branqueados com adornos "santificados" muitos actuaram com impunidade para realizarem iníquos propósitos. 
Todas as religiões o fizeram. Não há excepções.

Em nome da Pátria, da sacrossanta Pátria, muitos chamaram a si propósitos altamente censuráveis, fazendo guerras, perseguindo adversários internos, amesquinhando quem se atrevesse a pôr em causa esses supostos "interesses da Pátria". Os casos são múltiplos e repetem-se ano após ano.

No tocante às famílias, isso é também evidente. Há sempre alguém que, por ter certo protagonismo social ou financeiro, se julga o "líder" do clã e age pedindo a solidariedade de todos (no bem e no mal) para a prossecução de fins, por vezes,  nem sempre recomendáveis.

O aproveitamento ao estilo mafioso do conceito de família é um dado adquirido. Enfim, há palavras que se deixam instrumentalizar ao serviço de  manhosas e tantas vezes criminosas criaturas procurando atingir objetivos calculistas.

Enfim, analisando a derrocada do Grupo BES, com toda aquela parafernália de casos e situações bizarras, utilizando-se o secretismo, o uso de nomes em código e abusando-se de paraísos fiscais,  procurando iludir as autoridades, eis um exemplo acabado do que se acabou de dizer. Gente egoista, visando sempre os fins mais sórdidos desde que lucrativos (para eles...obviamente, pois seriam desastrosos para as vítimas colaterais), gente maquiavélica, sem escrúpulos, sem ética, sem um resquício de dignidade, usando compulsivamente a mentira para defraudar, iludir, trapacear, eis um novo paradigma da utilização abusiva do conceito "Família" para fins  pouco edificantes, tantas e tantas vezes maculados pela criminalidade..

Há tantos candidatos a  utilizarem  estes termos, aparentemente sagrados e intocáveis, mas amiúde  associados a interesses pouco éticos e pouco transparentes, que, sempre tive motivos para dessacralizar  esses conceitos, alertando para o perigo de sacralizações abusivas e susceptíveis de utilização aberrante. Na família Espírito Santo, então, a apropriação da palavra Espírito Santo, para captar ingénuos crentes, foi a cilada mais chocante. Sempre em missas e capelinhas, sempre de mãos erguidas e língua estendida para a comunhão, estas criaturas são a náusea,  o exemplo mais acabado de aproveitamento de sentimentos religiosos do povo simples e ingénuo, para enriquecerem de forma demoníaca! 

Deles diria o sempre atento Papa Francisco: «Tende cuidado  com os que arrotam fé e santidade, por vezes, são os piores!»

Donos disto tudo, davam prémios literários, apoiavam generosamente os clubes desportivos, avençavam jornalistas, escritores, políticos __ e  hoje em dia sabe-se muita coisa neste domínio muito embora a parte mais escaldante esteja ainda  por revelar __talvez, mais tarde, se abra a caixa de Pândora e se descubram as razões de tantos e tantos ídolos de pés de barros que foram alçapremados à fama por estes escroques que sempre tiveram a comunicação social e as famílias políticas (no sentido mafioso do termo) a estender-lhes a passadeira vermelha. Até o próprio PCP comeu lentilhas desta gentalha... O regime está mergulhado neste ominoso pântano, nesta ignominiosa teia de promiscuidades.

José Leite de Sá

17.07.2020 

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