sexta-feira, julho 11, 2008

Entrevista com Robin dos Bosques


__Então meu caro Robin dos Bosques, que me diz a esta medida de José Sócrates ao dar o seu nome a uma lei?
__Olhe, meu amigo Rouxinol, é a consagração universal da minha política de saque. O governo assume que é preciso sacar àqueles que estão fartos de sacar também. Só lamento é a falta de patriotismo do vosso primeiro-ministro!...
_-Falta de patriotismo?!
__Sim, foi pôr o nome de um estrangeiro, um inglês, quando poderia pôr um nome bem português: Zé do Telhado!
__É a mania dos estrangeirismos! Sabe Robin, a gente bem diz «o que é nacional é bom», mas há quem pense o contrário! Pobres criaturas!
__Agora só não compreendo porque é que a lei tem um universo tão restrito!
__Como assim?!
__Deveria ser extensiva aos traficantes, aos proxenetas, aos tubarões do futebol, das autarquias,
enfim, há uma série de plutocratas à custa do erário público que fogem ao fisco, usam off-shores para «evaporar» os dinheiros sujos, esses também deveriam ser alvo dessa lei. Assim, é muito restritiva... é selectiva demais! Deveria ser geral e abstrata, contemplar todos os faustos e todas as excrescências plutocráticas visiveis a olho nu...
__ Coitados, os tubarões do futebol estão em queda, andam a persegui-los forte e feio. Anda aí uma tal Mizé Morgado que os persegue até ao quinto dos infernos! Até ao milésimo, diria mais! é uma paranóia, uma mania persecutória, uma vingança sem limites!
__E nas autarquias? Há para aí alguns tesos que viraram ricaços do pé para a mão: têm avultados patriomónios, passam férias nos sítios mais selectos e sofisticados, têm contas na Suíça,
os familiares exibem apartamentos de luxo, mordomias sem conta!...
__Caro Robin, isso é tudo mentira! andam para aí uns blogues de invejosos a inventar patranhas a torto e a direito. É a inveja mais mesquinha que se possa imaginar! coitados dos autarcas, andam com uma mão atrás e outra à frente!... Carros a desfazerem-se, roupas gastas e esfarrapadas, uns pobres diabos!... já pensei em fazer um peditório para alguns presidentes de câmara tão devotos à causa pública, tão sacrificados, tão amarrados ao dever que parecem lapas agarradas à rocha!... e lá continuam numa autoflagelação pungente, parecem «cristos» vergados ao peso da responsabilidade, cheios de dívidas, a família na miséria, enfim, uns mártires da causa pública. Quando a História os descrever, no futuro, será certamente como um S. Estêvão apedrejado pela ingratidão popular! Sim, eles são lapidados na praça pública pelos invejosos, pelos ressabiados, pelos gananciosos malandros que usam a oposição como David usava a funda!...

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